A Operação Tank, deflagrada pelo Ministério Público Federal (MPF), revelou a existência de um “Banco” do Primeiro Comando da Capital (PCC) em Curitiba. De acordo com as investigações, a estrutura funcionava em um prédio comercial na Avenida Getúlio Vargas, próximo à Praça Ouvidor Pardinho, e movimentava bilhões de reais em operações financeiras ilegais ligadas à facção criminosa.

responsáveis pelo banco do pcc em curitiba
Mourad e Lopes estão foragidos e frequentavam o “Banco” do PCC em Curitiba frequentemente (Foto: Reprodução/SEAP)

Segundo o MPF, o escritório era responsável por gerir a contabilidade paralela do PCC e definir estratégias financeiras. O espaço era frequentado por Mohamad Hussein Mourad e Daniel Dias Lopes, apontados como sócios ocultos da empresa Duvale Distribuidora de Petróleo e Álcool Ltda. Ambos estão foragidos da Justiça.

De acordo com a apuração de Pedro Neto na coluna Arquivo Aberto da Ric RECORD, Mourad teria participação de 15% nos lucros da companhia, enquanto Daniel detinha 10% e, a partir de 2020, passou a assumir papel estratégico, controlando empresas de fachada e movimentações ilegais.

Empresas usadas no esquema

As investigações apontam que a Duvale movimentou pelo menos R$ 1,2 bilhão em operações ilegais apenas em 2022. Além dela, outras empresas foram utilizadas como suporte ao esquema, entre elas:

  • Quimifix Indústria e Comércio de Produtos Automotivos, em Pinhais;
  • Arka Distribuidora de Combustíveis;
  • Brasoil Petróleo Distribuidora;
  • Gol Combustíveis S/A.

O caso da Quimifix chamou a atenção: em 2019, a empresa declarou faturamento de pouco mais de R$ 3 milhões, mas movimentou mais de R$ 35 milhões em contas bancárias e comprou R$ 45 milhões em insumos utilizados na adulteração de combustíveis.

Além do “Banco” do PCC, postos de gasolina foram usados como ponto de lavagem em Curitiba

Outro braço do esquema era formado por postos de combustíveis em Curitiba. Eles funcionavam como “colocadores”, recebendo combustível adulterado e servindo como porta de entrada para o dinheiro em espécie vindo do tráfico de drogas. Esse valor era inserido no caixa como se fosse faturamento legítimo, passando a circular no sistema financeiro.

Na sequência, os recursos eram lavados em empresas de fachada ou companhias de ramos diversos, como transportadoras e lojas de conveniência. Depois, o dinheiro chegava a holdings e gestoras patrimoniais, que transformavam os valores em imóveis, veículos e outros investimentos.

De acordo com o MPF, o esquema movimentou mais de R$ 10 bilhões em créditos externos. Também foram identificados R$ 594 milhões em depósitos em espécie sem origem comprovada, além do uso de laranjas, contas de fachada e contas digitais operadas por uma empresa de tecnologia em Curitiba.

Por que Curitiba virou centro das operações?

A escolha de Curitiba não foi por acaso. A capital paranaense está próxima da fronteira com o Paraguai, rota de entrada de cocaína, e do Porto de Paranaguá, um dos principais pontos de saída da droga para o exterior.

Além disso, o mercado de combustíveis no Paraná é pulverizado, com muitos postos de pequeno e médio porte, o que facilitou a infiltração de empresas ligadas ao crime organizado.

Segundo o MPF, o núcleo comandado por Mourad e Daniel representou uma evolução na profissionalização do PCC, transformando Curitiba não apenas em rota logística, mas no coração financeiro da facção criminosa.

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Mariana Gomes

Repórter

Formada em Jornalismo pela PUCPR, especialista na área de Esportes, Cultura e Segurança, além de assuntos virais da internet e trends das redes sociais.

Formada em Jornalismo pela PUCPR, especialista na área de Esportes, Cultura e Segurança, além de assuntos virais da internet e trends das redes sociais.