Conheça os artistas por trás dos novos grafites de Londrina
Os moradores de Londrina, no Norte do Paraná, ganharam novas paisagens pelos concretos da cidade. As artes que colorem sete viadutos da Avenida Dez de Dezembro são fruto do Projeto Caminhos Graffiti, criado pela Secretaria Municipal de Cultura (SMC) em conjunto com a Associação Londrinense de Circo (ALC) e o Coletivo Cap Style. Carão, Thiagu Agu, Korneta, Napa, Huggo Rocha e Kenia são os integrantes do coletivo, e os principais grafiteiros desse projeto.
Além dos sete artistas escalados, outros seis convidados colaboraram com as artes, segundo Huggo Rocha, integrante da Cap Style. São eles: Heu, de São Paulo; Seth, de Curitiba; Jay, de Cascavel; Gardenal, de Colombo; Rokyta, do Chile e J dias, de Rolândia.
Cada integrante do coletivo ficou responsável por um viaduto. Em conjunto com o projeto, oficinas foram disponibilizadas para iniciantes nesta arte, que foram ministradas pelos artistas responsáveis. O projeto teve patrocínio do Programa Municipal de Incentivo a Cultura e os integrantes foram remunerados.
Carão
Tadeu Roberto Fernandes, mais conhecido como “Carão”, é um dos grafiteiros mais conhecidos de Londrina. De seus 41 anos de vida, 22 deles são dedicados ao graffiti. Antes de poder viver da arte, ele trabalhou em uma loja de tapetes persa, nos anos 90. Ele é um dos fundadores do coletivo Cap Style, que foi criado em 2002, com o objetivo de articular eventos na região.
O “Festival de Graffiti”, que começou em 2004, e o “Arte na Escola”, são frutos da organização desse grupo. Além disso, eles organizam oficinas gratuitas e exposições de arte. Carão ficou responsável pela arte no final da JK.
Huggo Rocha
Huggo Rocha é graffiteiro desde os anos 2000. Hoje, com 41 anos, ele pode se sustentar com a sua arte, por meio do graffiti e tatuagens, mas nem sempre foi assim. Isso só foi possível há 10 anos, antes disso, ele trabalhou em diversas outras profissões, como motoboy, zelador e garçom.
Segundo Huggo, o Projeto Caminhos Graffiti trouxe diversos benefícios para Londrina.
“Um projeto como esse é importante para fomentar e incentivar outros artistas que estão começando. O intercâmbio cultural foi outro ponto interessante para o projeto, cada artista veio com técnicas e formas de trabalho diferentes, sem contar os painéis que a cidade ganhou de presente”.
afirma o artista
O artista londrinense ficou responsável pelo elevado da Leste Oeste com a Dez de Dezembro e o pontilhão seguinte.
Thiagu de Souza
O londrinense Thiagu de Souza trabalha com arte de forma remunerada há pouco mais de três anos. Ele produz camisetas, pinta paredes e quadros.
“O que aparecer pra gente jogar uma tinta a gente faz. Esse é o meu trabalho”,
afirma Thiagu sobre sua expressão artística.
“O bom desse projeto é trazer artistas de fora, movimentar a cidade com a cultura, mostrar mais a nossa arte, a galera nova tá começando a ver que é bacana, tem um respeito e tal”,
diz o artista sobre o projeto.
Ele ficou responsável pela rotatória em baixo do pontilhão.
Kenia Kurik
A londrinense Kenia Kurik, de 38 anos, trabalha com arte há sete anos. Antes de mergulhar neste mundo, ela atuava como dentista. A arte chegou na sua vida como uma válvula de escape para ansiedade. Hoje, ela faz tatuagens, ilustrações e graffiti.
“Esse foi o maior projeto que o coletivo teve a chance de realizar, passava pela gente vários moradores da região, moradores de rua, elogiavam, gostavam bastante, pessoas de carro. Então nós percebemos que teve um movimento interessante na cidade”,
diz Kenia sobre a realização do coletivo.
Segundo a artista, o projeto é importante para a valorização da arte na cidade, e para que ela alcance o maior número de pessoas, de forma gratuita.
Arte de Kenia, no Pontilhão da Celso Garcia Cid (Crédito: Arquivo Pessoal) Arte de Kenia, no Pontilhão da Celso Garcia Cid (Crédito: Arquivo Pessoal)
Korneta
Korneta, 42 anos, trabalha com artes visuais há quase metade de sua vida, no total, são 20 anos nessa jornada. Por 18 anos ele viveu em São Paulo, onde participou de diversas oficinas sociais de arte de rua, o que aguçou sua vontade de expandir seus conhecimentos. O currículo do artista é extenso, formado em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), agora, ele trabalha com design gráfico, ilustração, graffiti, murais, painéis, oficinas e produção gráfica.
Para o artista, o projeto é importante para ressignificar espaços urbanos.
“O graffiti acaba que modificando esteticamente os locais e isso também é uma forma de ressignificação dos espaços públicos. Então vejo esse projeto como uma forma de ação que gera reflexões, trocas de ideias, e isso muda as percepções de como vemos as coisas”.
conta o grafiteiro.
Ele ficou responsável pelo 2º pontilhão da Avenida Santos Dumont. O tema da arte é “Arquitetura e as urbanicidades de Londrina”.
Napa
Napa trabalha com arte desde 2004, mas se sustenta com isso há 12 anos. Ele entrou na Cap Style de forma natural, por conta de sua amizade com Huggo e Carão. Eles já realizavam trabalhos juntos, e então foi convidado para o coletivo. Quando questionado de quando começou a fazer parte, ele diz não saber, por ter sido “muito espontâneo”.
Na sua visão, o Projeto Caminhos Graffiti “abre portas para outros projetos”. Para ele, trabalhar com uma estrutura dessa proporção foi um grande aprendizado. Além disso, também foi um benefício para a população.
“O que a gente tem visto é que a galera passava e nem prestava atenção. Hoje, quando passa, presta mais atenção nos viadutos, naquela parte que tinha um lugar abandonado, hoje vê vida ali. E a galera que não passa pelo lugar, acaba passando pelos grafites”,
afirma Napa.
Ele ficou responsável pelo pontilhão, que teve como tema os “Pioneiros de Londrina”.
Zion
Márcio de Sousa, mais conhecido como “Zion”, encarou o grafite como profissão há um ano, mas já está em cena há 10 anos. Ele passou a fazer parte da Cap Syle, por convite do Huggo Rocha. Anteriormente, eles já realizavam trabalhos juntos, nos finais de semana.
No primeiro momento, o apucaranense recusou, pois não se achava “tão bom”, mas foi incentivado, e hoje cultiva uma grande amizade com todos os integrantes. Segundo Zion, o graffiti é um painel a céu aberto.
“Acho que toda arte, toda cultura tem que ser posicionada, acho que uma sociedade não vive sem cultura, uma sociedade aprende com cultura, e o graffiti é uma das artes mais crescentes no mundo”,
afirma o artista
Ele ficou responsável pelo pontilhão do tema “Santos Dumond”, sobre a Avenida Dez de Dezembro. Segundo Zion, foi uma arte difícil, devido a localização da parede.