Curitiba - A mutualidade na convivência conjugal é muito mais do que um conceito, pois é uma nova forma de vida e estrutura relacional. Ou seja, representa uma dinâmica de casal baseada na parceria, indo para muito além da reciprocidade ou cumplicidade.

A mutualidade cria uma possibilidade relacional na qual os cônjuges interagem em uma confluência, uma dinâmica sinérgica que favorece o bem-estar conjunto. No entanto, ao contrário da mutualidade, há casais que vivem em dinâmicas hierárquicas complicadas.
Hierarquias conjugais
Hierarquia conjugal militar
Nessa dinâmica, define-se quem é o cônjuge capitão e quem é o cônjuge recruta, colocando um na posição de comandante e o outro na de comandado. Além disso, dentro de uma ótica militar, o poder se estabelece com olhar altivo e arma em punho.
Infelizmente, essa estrutura relacional no casamento faz com que os olhos altivos bloqueiem o encontro das pupilas e as mãos armadas fiquem impedidas de acariciar. Assim a intimidade torna-se afetada pela ameaça de subjugação que essa hierarquia impõe.
Hierarquia conjugal organizacional
Aqui, define-se quem é o cônjuge gerente e quem é o cônjuge gerenciado. Nessa estrutura relacional, frequentemente o cônjuge líder tem primazia sobre o liderado. Ele assume um protagonismo nos desejos, vontades, crenças e decisões. Faz isso no uso do tempo e do dinheiro, na frequência e no padrão sexual, na escolha da comida, do filme, do restaurante, do lugar das férias etc.
Dessa forma, espera-se que o cônjuge liderado siga ao cônjuge líder em dependência ao que este permite e determine. Infelizmente, o encontro espontâneo no amor acaba severamente prejudicado.
Hierarquia conjugal educacional
Nesse modelo, define-se quem é o cônjuge professor e quem é o cônjuge aluno. O professor é aquele cônjuge “palestrinha” que assume a posição de quem sabe mais e sempre tem algo a ensinar, sem acreditar que o outro possa ter conhecimento superior ou igual em determinados assuntos.
Dessa forma, o cônjuge professor ocupa o lugar de quem corrige, ensina ou discipula. Ele fica no palco como protagonista da relação, enquanto o outro permanece nos bastidores. Assim, inevitavelmente, a partilha e a troca de experiências entram em um descompasso desconcertante.
Hierarquia conjugal parental
Nessa estrutura, define-se quem é o cônjuge parental e quem é o cônjuge filial.
O cônjuge parental pode ser um marido que assume o papel de pai na relação, tratando sua esposa como uma filha mais velha, apenas com algumas regalias a mais em relação aos demais filhos. Ou pode ser uma esposa que se coloca como mãe na relação, monitorando seu marido em sua maneira de ser e expressar-se.
Dessa forma, o cônjuge filial presta contas ao cônjuge parental como um filho criança ou adolescente que presta contas aos seus pais. Assim, o vínculo conjugal fica superficial e acaba por não se efetivar de forma íntima e profunda, sendo que em alguns casos nem mesmo se forma.
As hierarquias conjugais desfavorecem o vínculo
Um casal cuja dinâmica e estrutura relacional se baseia nesses tipos de hierarquia percebe, cedo ou tarde, o quanto desfavorecem o seu vínculo. Ao invés de vinculados percebem-se cada vez mais distanciados.
Já um casal que vivencia a mutualidade descobre a beleza da única hierarquia aceitável para a vida conjugal, que é a hierarquia mútua do amor, do respeito, da entrega, da doação, da cooperação, da confiança, do acolhimento, da ternura e da misericórdia.
A mutualidade proporciona uma maior saúde conjugal, pois favorece o florescimento de um vínculo profundo e significativo para a vida conjunta.
Livro “Mutualidade: a parceria no casamento” (Clarice Ebert)
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