A evolução da sociedade e das relações interpessoais traz frequentemente novos comportamentos, tendência e valores. Assim, em um mundo cada vez mais plural e aberto à diversidade, os conceitos sobre afetividade e relacionamentos também evoluíram ou se transformaram com novos significados. Entre as muitas formas de se relacionar (ou de não se relacionar) que surgiram ou se popularizaram na atualidade, três termos chamam atenção: agamia, sologamia e hipergamia.

noiva solitária em uma praia com barcos
Novas formas de relacionamento, ou ausência dele, ganham espaço na sociedade moderna (Foto: Freepik)

Embora sejam conceitos bastante distintos entre si, todos têm em comum a forma como tratam o afeto, o desejo e os vínculos sociais e amorosos. Saiba o significado de cada um desses termos, quais são suas implicações e como eles dialogam com as transformações sociais contemporâneas.

Agamia: a negação de qualquer modelo de relacionamento

O termo agamia vem do grego a- (negação) e gamos (casamento ou união). Ou seja, agamia significa, literalmente, “ausência de casamento”. No entanto, esse conceito vai muito além disso. Quem adota a agamia como filosofia de vida rejeita a ideia de qualquer tipo de vínculo amoroso-romântico, seja ele monogâmico, poliamoroso, casual ou mesmo familiar em termos convencionais.

homem solitário em frente ao pôr-do-sol
Adeptos da agamia recusam qualquer relacionamento (Foto: Freepik)

A agamia não é celibato nem apenas ausência de sexo. Trata-se, na verdade, de uma crítica profunda à estrutura dos relacionamentos afetivos que, segundo os agâmicos, impõe padrões opressivos e controladores. Entre os argumentos de quem defende essa escolha, está a ideia de que o amor romântico é uma construção social usada para controlar corpos, desejos e até economias, principalmente das mulheres.

Quem vive de forma agâmica, portanto, busca autonomia total sobre seu corpo, sua rotina e suas emoções, e rejeita qualquer forma de vínculo que implique em compromisso afetivo ou relacional nos moldes tradicionais.

Sologamia: o casamento consigo mesmo

noiva solitária em um quarto
Sologamia é uma forma de empoderamento pessoal diante das cobranças da sociedade (Foto: Freepik)

Em contraposição à agamia, a sologamia, muitas vezes chamada de “auto-casamento”, é uma prática na qual a pessoa celebra uma união formal consigo mesma. Embora simbólica na maioria dos casos, a sologamia vem ganhando adeptos em vários países, inclusive no Brasil, como uma forma de autovalorização, autocuidado e empoderamento.

Pessoas que escolhem a sologamia geralmente fazem cerimônias com roupas de casamento, votos, convidados e até festa. Não se trata, necessariamente, de uma negação de relacionamentos amorosos com outras pessoas, mas sim de um gesto de afirmação pessoal: o compromisso mais importante é consigo mesmo.

A prática tem sido muito associada a movimentos de autoestima e independência, principalmente entre mulheres que rejeitam a ideia de que precisam de um parceiro para se sentirem completas. Também é vista como um símbolo de resistência a pressões sociais por casamento ou relacionamentos.

Hipergamia: a busca por ascensão social através de relacionamentos

Hipergamia é um conceito mais antigo e bastante discutido na sociologia e na antropologia. Ele descreve a tendência de uma pessoa (geralmente mulheres, em estudos históricos) de buscar relacionamentos com parceiros que estejam em posição social, econômica ou educacional superior.

noivo colocando aliança em mão de noiva
Hipergamia é um conceito que vai além da ascenção social (Foto: Freepik)

Tradicionalmente, a hipergamia era quase um imperativo cultural: mulheres eram incentivadas a buscar maridos mais ricos, mais instruídos ou mais poderosos, como forma de garantir estabilidade e status. Com o avanço da igualdade de gênero, esse comportamento passou a ser mais criticado, mas ainda é comum — embora não necessariamente negativo.

Nos tempos atuais, a hipergamia também se manifesta em plataformas de namoro e redes sociais, onde a aparência, o sucesso profissional e o estilo de vida ostentado influenciam diretamente as escolhas afetivas. Em contrapartida, fala-se também de hipogamia, quando alguém se relaciona com pessoas de “status inferior”, algo que tende a ser menos aceito socialmente, sobretudo entre homens.

O que os modelos como agamia, sologamia e hipergamia revelam sobre a sociedade atual

Agamia, sologamia e hipergamia são, de certa forma, reflexos das transformações pelas quais a sociedade vem passando nas últimas décadas. A flexibilização das normas de gênero, o avanço dos direitos das mulheres, a valorização do bem-estar individual e a globalização digital contribuíram para que as pessoas questionassem padrões que antes eram praticamente inquestionáveis.

Cada um desses conceitos representa uma reação distinta às exigências da vida afetiva tradicional. Enquanto a agamia propõe o abandono total dessas convenções, a sologamia propõe um novo modelo simbólico de celebração da individualidade. A hipergamia, por sua vez, mostra como certos comportamentos continuam sendo moldados por expectativas sociais e interesses materiais.

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perfil Luciano Balarotti
Luciano Balarotti

Repórter

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.