Fama a qualquer custo: psicóloga fala sobre onda de ameaças de massacres em colégios
A ameaça de ataque no Colégio de Cascavel, não foi o única registrado nos últimos dias. Cidades como Campo Grande, Sarandi, Cambé e Cabo Frio também passaram por momentos de tensão após anúncios de possíveis massacres e ataques em instituições de ensino.
O que parece moda, para os psicólogos é tratado como um transtorno, que gera problemas a curto e longo prazo. O simples fato da ameaça, susto ou emoção muito grande, tem nome; (TEPT) Transtorno de Estresse Pós Traumático, como explica a psicóloga clínica cognitivo comportamental, Adriana Montini.
- Leia mais: Ameaça de massacre em colégio mobiliza polícia e deixa pais e alunos preocupados em cidade do PR
“Ele é desenvolvido em uma pessoa que passa por um susto, um medo e uma emoção muito grande. Todas as memórias feitas pela gente, tem um fundo emocional. Eu tenho que acionar a emoção da pessoa, para reverter um quadro, que é muito demorado para ser revertido. Demora mais que um ano e isso é um transtorno muito grande, que gera um custo muito grande para pessoas e família.”
Adriana Montini – psicóloga clínica cognitivo comportamental
Para a psicóloga, o comportamento é desenvolvido no intuito de ganhar fama. A profissional lembra, que este tipo “ameaça” tem a mesma linha de casos relacionados a situação de suicídio e suas publicações, qua acabam gerando novas ideias para cometer o crime contra a vida. É a fama a qualquer custo.
“O que gera, ‘essa moda’ é Infelizmente a publicidade que gera em torno disso. Por isso que antigamente tinha uma questão de suicídio não ter publicidade. Porque eu vou ficar famoso, e as pessoas que já tem um viés mental, que não tem controle emocional e quer ser famoso, ele quer ser por qualquer coisa, principalmente em questões de desastres, transtornos. Infelizmente o que gera publicidade, é desgraça. Ninguém gosta de falar de coisa boa, ninguém se interessa pelo bem que se faz, mas pelo mal que se faz. Essa publicidade errônea, está gerando isso, teria que ser revertida essa questão. “
Adriana Montini – psicóloga clínica cognitivo comportamental
Outra questão levantada pela profissional, é o limite dos pais. Para Adriana, os pais não estão assumindo seu papel e estão virando amigos dos filhos. O reflexo desta atitude está dentro das clínicas, crianças com TOD (Transtorno desafiador opositor), que não são crianças frustradas e sem empatia.
“Pai tem que dar limite para o filho, dizer não ao filho. Colocar filho, no lugar de filho. Os Pais estão criando infelizmente crianças com transtornos por não dar não aos filhos. Primeiro começam a criança com birra mostrando que é o reizinho da casa, depois são crianças e adolescentes sem empatia com o próximo, eles não tem compaixão de animais e de seres humanos. Então para eles, dane-se se está causando dano ou medo ao outro Para eles o intuito é só ser famoso.”
Adriana Montini – psicóloga clínica cognitivo comportamental
Internet x transtornos
A internet é recheada de conteúdos, do infantil ao adulto. Mas o reflexo do acesso em sites, que não são compatíveis com a realidade do mundo acaba também refletindo no comportamento de crianças e adolescentes.
A vontade de se tornar famoso fazendo vídeos, podcasts ou postagens acaba criando a necessidade de ser também conhecido assim como pessoas renomadas. E muitas vezes para conseguir esse “status” o mal é o meio escolhido.
“Eles falam eu fico mais famoso que os próprios famosos fazendo uma desgraceira. Infelizmente têm essa visão de mundo. Tem sociopatas com TOD e vira um sociopata. O sociopata não é só o cara que mata, o estelionatário e o estelionatário emocional, por exemplo, também é um sociopata. No caso do emocional, o golpista uso o sentimento da vítima para arrancar dinheiro dela e também para questões sexuais, como por exemplo o golpista de aplicativo de relacionamento. “
Adriana Montini – psicóloga clínica cognitivo comportamental
Nós temos uma legião de sociopatas e isso não tem cura e cada vez terá mais.”
Ataque no colégio Cascavel
A ameaça de massacre, revela por redes sociais, a um colégio de Cascavel não se concretizou, mas deixou pais e alunos preocupados. Além disso, a situação virou caso de polícia.
A polícia informou por meio de nota que o caso está sendo tratado com sigilo. A instituição informou por meio de nota, que as atividades seguem normalmente.
A foto da bomba utilizada no perfil para anunciar o falso massacre no Oeste do Paraná, já estava no banco de dados da internet, e foi encontrada em um condomínio no ano de 2018. A “falsa bomba”, não é um artefato explosivo.
“Na quarta-feira (18), o Colégio FAG, assim como outas instituições de ensino da rede pública e privada do país, foi mencionado em redes sociais sobe ameaças virtuais.
O Centro FAG já possui uma estrutura de segurança que conta com tecnologia de monitoramento e pessoal capacitado e , neste momento, foram adotadas as medidas adicionais cabíveis junto às autoridades competentes.
Desta forma, informamos que as atividades acadêmicas e escolares seguem normalmente.”
Nota Centro FAG
Outros casos
Um recado, em forma de ameaça, escrito em uma porta do banheiro feminino do Colégio Estadual Jardim Universitário, de Sarandi, mobilizou equipes da Polícia Civil e Guarda Municipal na manhã da terça-feira (5) na entrada do colégio. A mensagem, que diz “massacre 05/04”, supostamente foi escrita no dia 1º de abril (Dia da Mentira).
Pais de alunos do Colégio tomaram conhecimento do recado e ficaram preocupados com a ameaça. Ao comunicarem a coordenação, foram informados de que acionariam a polícia. A suspeita de ameaça mobilizou a polícia que foi até o local, mas nada foi localizado.
No primeiro dia de maio, mensagens circularam com informações sobre um “massacre” que estaria marcado para um colégio estadual de Cambé, no norte do Paraná. Isso porque estaria escrito a data em uma cabine de banheiro feminino: “Dia do massacre 02/05”.
A informação falsa tomou proporção maior ao ser comentada por um perfil do Instagram sobre o colégio, que não tem ligação com a direção. Os administradores da conta não confirmam a história. Entre os stories na rede social, entretanto, o perfil pergunta se os alunos irão à aula desta segunda-feira (2). Quando questionados se acham que o massacre é real, eles respondem que “não”.
Policiais militares da Patrulha Escolar foram até o prédio, na Rua Estados Unidos, para conversar com a direção. O diretor não concedeu entrevista, mas confirmou que as mensagens são falsas. A “brincadeira” movimentou autoridades e pais, que também foram ao colégio questionar a informação.
Policial, serviços, política, saúde, economia… Tem isso e tudo o que acontece no Paraná no RIC Mais. Clique aqui e mande sua sugestão de pauta.