Maioria do eleitorado brasileiro é conservador, indica pesquisa Ipespe

Publicado em 25 fev 2022, às 15h58. Atualizado em: 30 jun 2022 às 12h31.

A maioria do eleitorado brasileiro adota uma postura conservadora e opta pelo plebiscito ao ser questionada sobre temas polêmicos, segundo uma pesquisa divulgada pelo Ipespe nesta sexta-feira (25). Segundo o levantamento, ainda, a preferência por Lula (43%) é maior do que a por Bolsonaro (26%).

Conforme análise do sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, grande parte dos brasileiros é contrária à legalização do aborto (69%, em oposição a 29% que são favoráveis) e também não aceita a liberação das drogas (75%; outros 22% são favoráveis).

A agenda conservadora também inclui um elevado apoio à redução da maioridade penal (72% apoiam, contra 24% contrários). Quando se trata da adoção da pena de morte (contrários, 53%; favoráveis, 43%), as opiniões ficam mais equilibradas. A liberalização do porte de armas, é rechaçada pela sociedade: 62% são contrários, enquanto que 36% se mostram favoráveis.

De acordo com a pesquisa, a opinião pública apoia a realização de plebiscitos para definir temas controversos. Para o professor Antonio Lavareda, embora uma sólida maioria seja contrária ao aborto, 49% acreditam que a população deveria se pronunciar diretamente sobre a questão, contra 47% que não concordam com isso. O mesmo ocorre em relação às outras questões. O único tópico face ao qual o maior contingente (56%) não admite o plebiscito é a liberalização das drogas. Ainda assim, esse número é bem menor que o dos que são contrários à liberalização (75%).

Em relação à última quinzena, quando foi realizado o levantamento anterior, a pesquisa identificou um aumento na percepção (de 27% para 29%) de que a economia caminha “no rumo certo”. E manteve-se em 63% a afirmação contrária — vai “no rumo errado”. Para Lavareda, esse movimento de recuperação, iniciado em novembro, corre o risco de ser atropelado pelos desdobramentos do agravamento da crise da invasão da Ucrânia iniciada nesta semana, que “interrompeu a valorização do real frente ao dólar, trouxe ao radar um aumento dos combustíveis, e ameaça frustrar as projeções de queda mais rápida da inflação”.

avaliação do governo Bolsonaro também oscilou positivamente (um ponto percentual), atingindo 25% para as opiniões de que seu desempenho é ótimo ou bom. De outro lado, os que avaliaram o governo como ruim ou péssimo recuaram para 53%, na mesma proporção (um ponto percentual).

A aprovação ou desaprovação do governo praticamente não mudou (31% aprovam; 63% desaprovam — a aprovação foi exatamente igual à da última pesquisa, enquanto a desaprovação caiu um ponto).

“À medida que cai o medo da pandemia, a aprovação específica do presidente Bolsonaro nesse tema sobe um pouco”, continua Lavareda. Aqui, ó “ótimo/bom” vai de 23% a 25%. O percentual dos que disseram estar com “muito medo” caiu sete pontos, de 30% para 23%. A reprovação cedeu menos, de 57% para 56%.

No front eleitoral, Lula segue liderando o primeiro turno, com os mesmos 43% da rodada anterior. Bolsonaro colhe as alterações positivas vistas nos tópicos anteriores. Galgou um ponto e atinge 26%.

Lavareda comenta que, no segundo pelotão, Moro aparece estabilizado, desde janeiro, com 8%. Mas figura nessa pesquisa sozinho em terceiro lugar, uma vez que Ciro perdeu um ponto e tem agora 7%. No terceiro contingente, vem à frente João Doria, mantendo-se com 3%, e Felipe D’Ávila, Simone Tebet e Janones, com 1% cada um, a mesma fatia de Eduardo Leite, de volta à lista uma vez, em meio à especulação de sua saída do PSDB.

Lula continua ganhando dos nomes testados no segundo turno: 54% a 32% contra Bolsonaro, que sobe um ponto em relação à quinzena anterior; 52% a 31% tendo como adversário Moro; 51% a 25%, com Ciro; 54% a 18%, diante de Doria; e 55% a 17%, enfrentando Eduardo Leite.

“O desempenho de cada candidato nas pesquisas é balizado de um lado pela rejeição dos eleitores e, de outro, pelo potencial de votos que possuem, ou seja, a soma dos que respondem que votariam ´com certeza´ ou ´poderiam votar´ neles”, explica Lavareda.

O ranking nesse aspecto, faltando cerca de sete meses até a eleição, e enquanto ainda há diferenças importantes no grau de conhecimento, é o seguinte:

Lula57%

Ciro48%
Moro40%
Bolsonaro35%
Doria31%
Eduardo Leite22%
Simone Tebet17%
Alessandro Vieira10%
André Janones9%
Felipe D’Ávila9%