Rua XV de Novembro, do Centro de Curitiba, em 1927. (Foto: Arquivo/ Prefeitura Municipal de Curitiba)

De floresta de araucárias a capital sustentável; veja a evolução da cidade em fotos antigas, texto e vídeo de drone

*Por Luciana Pioto

Aos longos de seus 324 anos, completados nesta quarta-feira (29), Curitiba deixou de ser uma floresta, onde reinavam as araucárias e habitavam os índios tupi-guaranis, para se transformar em uma metrópole conhecida pela qualidade de vida da sua população e pelo equilíbrio entre progresso e preservação ambiental.

A organização no crescimento da cidade – que é a “irmã do meio” das outras duas capitais do Sul do Brasil, apenas dez anos mais nova que Florianópolis e 79 anos mais velha que Porto Alegre – é um de seus pontos fortes e originou alguns apelidos, como capital ecológica e cidade modelo.

Mas nem tudo são flores para o curitibano. Em entrevista ao Portal RIC Mais,Carlos Hardt, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da PUCPR, faz uma breve análise sobre a origem destes títulos e sobre as questões atuais que desafiam os gestores públicos.

Assista à homenagem do Grupo RIC ao aniversário de Curitiba:

Plano Diretor de 1966

Segundo o arquiteto e urbanista, planejamento, no fim da década de 60, e eficiência na implementação, nos anos seguintes, foram determinantes para projetar Curitiba como modelo para outras metrópoles nacionais e até mundiais.

A afirmação faz referência ao Plano Diretor de 1966, que na época foi considerado inovador por incluir, por exemplo, diretrizes sobre o uso do solo em seu tripé, que também contemplou transporte coletivo e sistema viário. Ele foi pensado para integrar as estruturas física e funcional da cidade e direcionar seu crescimento de forma linear.

Coube aos gestores colocar o projeto em prática – que nasceu junto com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, criado por Jaime Lerner, que tinha o propósito de monitorar e coordenar a sua execução.

No início da década de 70, Lerner assumiu a prefeitura e teve a seu favor, além da vontade de trabalhar, o aporte de recursos federais e internacionais além da falta de amarras processuais que existem atualmente, conforme avaliação do professor Carlos Hardt.

Foi neste contexto e neste período que a capital paranaense ganhou parte de seus grandes parques – como o Barigui e o São Lourenço, em 1972 – e um sistema de transporte coletivo com canaletas que integrou diferentes categorias alimentadoras.

Capital Ecológica

Um título não oficial, mas que é motivo de orgulho para a população, é o de Capital Ecológia. O slogan é também fruto do eficiente trabalho de marketing de muitos prefeitos que passaram pela administração, mas tem motivo de existir.

A cidade, que já conversava com a ecologia por conservar grandes espaços verdes, recebeu uma nova política de resíduos sólidos, no terceiro mandato do Jaime Lerner, que envolveu a população na separação de matérias recicláveis: o programa Lixo Que Não É Lixo. O papel do curitibano foi, portanto, fundamental na construção de uma cidade mais sustentável.

Vídeo com realidade virtual em 360 graus mostra uma Curitiba diferente; confira: 

Ainda somos modelo?

Curitiba chega aos 324 anos com menor destaque do que teve no passado. Para Hardt, isso se deve a desaceleração na implementação de políticas públicas, que acontece, principalmente, por causa da falta de recursos e de autonomia dos prefeitos para colocar os projetos em prática.

O planejamento que se fez no passado para a cidade resolveu grande parte dos problemas existentes e antecipou muitas questões futuras. Mas, para o urbanista, os gestores precisam tomar decisões colegiadas para atender às atuais demandas populacionais.

Hardt destaca a necessidade de uma intervenção na mobilidade, pois é evidente para o curitibano que o eixo de coletivos está próximo à saturação. “O município precisa ter uma decisão técnico-política sobre qual é o caminho que ele vai adotar para o seu futuro em termos de deslocamento. E isso não pode depender da vontade de um ou outro governante”, afirma o professor.

Além disso, Hardt também aponta para a importância de decisões a respeito da integração das políticas públicas metropolitanas. Pois, segundo ele, há um discurso de que a metropolização é importante, mas há pouca ação para efetivação na prática.

“O município de Curitiba, como pólo metropolitano, influencia e é influenciado pelo que acontece com as cidades vizinhas de tal maneira que ele não pode agir sozinho. O planejamento deve ocorrer de forma integrada”, destaca o urbanista.

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