Com mais de 410 mil entregadores ativos em cerca de 1.700 municípios brasileiros, o iFood movimenta mensalmente aproximadamente 40 milhões de pedidos. É uma estrutura gigantesca, que depende de motocicletas, bicicletas, carros, patinetes e até deslocamentos a pé para funcionar. Em meio a esse volume, o seguro do iFood para entregadores tornou-se uma proteção essencial, embora ainda pouco conhecida por grande parte desses trabalhadores.

Em meio a esse volume intenso de entregas, acidentes de trânsito infelizmente fazem parte da rotina. E muitos entregadores, mesmo quando sofrem lesões consideradas “leves”, não sabem que podem ter direito a uma indenização garantida pelo seguro contratado pela própria plataforma.
O Seguro de Acidentes Pessoais oferecido pelo iFood cobre invalidez parcial ou total, além de morte acidental. No entanto, há muita desinformação entre os trabalhadores. Pensando nisso, destacamos os principais pontos sobre o funcionamento desse benefício.
Culpa pelo acidente não impede o pagamento do seguro
Um erro comum entre entregadores é acreditar que só terão direito ao seguro se forem vítimas inocentes no acidente. Na prática, a culpa pelo ocorrido não interfere na indenização.
Mesmo que o próprio entregador tenha cometido uma infração de trânsito — como avançar o sinal vermelho ou desrespeitar uma placa de parada obrigatória — o seguro continua sendo devido. A análise de responsabilidade só é considerada em processos judiciais de indenização civil, mas não para o pagamento do seguro pessoal contratado pela empresa.
Invalidez parcial também garante cobertura
Outro mito recorrente é imaginar que apenas quem ficou totalmente inválido tem direito à indenização. A apólice prevê cobertura para invalidez parcial e permanente, mesmo que o entregador continue trabalhando.
Situações como fraturas em membros, rompimento de ligamentos, colocação de pinos ou placas, e perda de mobilidade ou força em partes do corpo podem gerar indenizações expressivas, dependendo do grau da sequela deixada após o tratamento.
Muitas vezes, o próprio trabalhador não percebe que convive com sequelas. É comum que a limitação passe a ser tratada como algo natural. No entanto, a perda de 30% da mobilidade em um tornozelo, por exemplo, pode justificar uma ação de cobrança do seguro, como já foi reconhecido judicialmente em diversos casos.
Valor da indenização pode chegar a R$ 100 mil
O valor máximo previsto para casos de invalidez, segundo a apólice vigente em 2022, é de R$ 100 mil. As seguradoras, no entanto, costumam aplicar uma tabela proporcional, que reduz o valor conforme o tipo de lesão e a região do corpo atingida.
Ainda assim, em muitos Estados, o Judiciário tem considerado ilegal essa tabela quando ela não é previamente apresentada ao consumidor, o que ocorre com frequência. Nesses casos, os tribunais têm determinado o pagamento integral do valor previsto, mesmo quando a lesão deixou sequelas consideradas de menor impacto.
Prazo para solicitar o seguro
O prazo legal para requerer o pagamento do seguro é de um ano, mas ele não começa a contar a partir do acidente. O marco inicial é o momento em que o trabalhador recebe o diagnóstico médico confirmando que a lesão causou sequelas permanentes.
Já em casos de falecimento do entregador, os familiares têm até três anos para buscar o direito à indenização.
Documentos necessários
Para comprovar o direito ao seguro, é fundamental reunir:
- Boletim de ocorrência (quando houver);
- Exames, laudos e atestados médicos;
- Prontuário e relatórios do tratamento;
- Fotografias ou outros registros do acidente e das lesões;
- Prova de que o acidente ocorreu durante uma entrega, como prints do aplicativo ou localização ativa.
O seguro cobre acidentes ocorridos durante o trajeto de ida ou volta da entrega, independentemente do meio de transporte utilizado.
Entregadores devem ficar atentos aos seus direitos
A maioria dos entregadores desconhece que não é necessário estar totalmente incapacitado para ter direito ao seguro. Qualquer grau de limitação funcional permanente pode justificar o pagamento da indenização.
Por isso, profissionais que sofreram acidentes enquanto realizavam entregas devem procurar orientação especializada e analisar a viabilidade de acionar o seguro, mesmo que ainda estejam em atividade.
Em um cenário em que milhares de trabalhadores dependem de agilidade e exposição constante no trânsito, garantir o acesso a direitos como o seguro por acidentes é uma forma essencial de preservar a dignidade e a segurança desses profissionais.
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