
O ex-governador Beto Richa está preso desde terça-feira (11); Gilmar Mendes já se posicionou contra a ação do Ministério Público Paraná
A defesa do ex-governador do Paraná Beto Richa recorreu ao Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para tentar anular a prisão do tucano detido desde a terça-feira (11). O magistrado já afirmou em entrevista que considerou a ação um abuso de poder por parte do Ministério Público do Paraná (MP-PR) e que ações orquestradas no período eleitoral além de tumultuar as eleições também são suspeitas.
Os advogados pediram a revogação da prisão temporária expedida pelo MP-PR, sob a alegação de que a Justiça estadual usou a prisão temporária em substituição à conduta coercitiva, considerada inconstitucional pelo STF em junho de 2018.
De acordo com o MP-PR, Carlos Alberto Richa é investigado por suspeita de coordenar um esquema de pagamento de propinas, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça e direcionamento de licitações de empresas durante a vigência do programa estadual ‘Patrulha do Campo’. Segundo a promotoria, Beto fazia lavagem de valores ilícitos com apoio da mulher, Fernanda Richa. Motivo pelo qual, ela também está presa.
A prisão temporária do casal vence no sábado (14), caso não seja prorrogada. O MP-PR deve decidir ainda nesta sexta sobre o pedido de delonga das detenções. Na quinta-feira (13), Beto e Fernanda Richa tiveram os pedidos de habeas corpus negados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Prisão de Richa
Beto e Fernanda Richa estão presos desde a manhã de terça-feira (11), quando foram surpreendidos em seu apartamento por agentes do Gaeco. Ambos estão detidos no alojamento do Estado-Maior dentro do Regimento de Polícia Montada Coronel Dulcídio, da Polícia Militar, no bairro Tarumã, em Curitiba.
Depoimentos
O ex-governador preferiu manter silêncio durante o seu depoimento ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, em Curitiba, nesta sexta-feira (14).
Segundo Leonir Batisti, coordenador do Gaeco, Richa não quis se manifestar nem quando indagado sobre algum assunto. “O ex-governador Beto preferiu silenciar e silenciou integralmente e não quis sequer fazer comentários sobre alguns aspectos que lhe foram perguntados”, disse durante coletiva de imprensa.
Enquanto o marido não quis se manifestar, Fernanda Richa optou por falar. Ainda segundo Batisti, durante o seu depoimento a ex-secretária atribuiu ao contador da família – Dirceu Pupo, também preso na terça (11) – todos os atos. “Ela, principalmente, explicou que as eventuais responsabilidades das questões cabiam ao administrador da empresa da família ou das empresas da família. Especificamente, ao contador Pupo, em quem ela disse ter confiança e, portanto, era ele que realizava todas as atividades na administração da sociedade”, informou.
Atuação do Ministério Público do Paraná
A Corregedoria Nacional do Ministério Público pediu a apuração sobre a conduta dos promotores que atuaram na operação que prendeu o candidato ao senado pelo PSDB, sua mulher, irmão, ex-secretários, empresários, advogados e contadores que também estariam envolvidos na estrutura criminosa.
Segundo informações, a corregedoria quer explicações sobre porque a ação aconteceu em meio à campanha eleitoral, na qual o político é candidato. O corregedor Orlando Rochadel Moreira, responsável pelo pedido, é o mesmo que determinou a apuração sobre a conduta dos procuradores que apresentaram à Justiça ações contra os candidatos à Presidência da República Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB).
A corregedoria atendeu a um pedido de Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, integrante do Conselho Nacional do Ministério Público e diretor-geral do Senado. Ele alega que os inquéritos foram reativados agora, durante o período eleitoral, com o objetivo de ganhar holofotes para os promotores.