
“Eu sou uma pessoa que me integro completamente a minha arte e ao meu público, por isso, que eu estou aqui até agora. Cantar é minha vida”, explicou Ângela Maria ao repórter e apresentador Giuliano Marcos da RICTV Londrina
A cantora Ângela Maria, conhecida como rainha do rádio, morreu neste sábado (29) após mais de 70 anos de carreira. Em julho deste ano, a intérprete de sucessos da música brasileira como Ave Maria do Morro e do mambo cubano Babalu esteve em Londrina, no norte do Paraná, e concedeu aquela que seria sua última entrevista ao programa Balanço Geral Londrina.
Na ocasião, a diva de 89 anos afirmou que não tinha planos para se aposentar. “Aposentadoria? Não, Deus me livre!. Eu quero continuar não sei até quando. Até quando Deus quiser, eu vou continuar cantando e continuar sendo aquela Ângela Maria de 50, 60 anos atrás. É a mesma coisa. Cantando alegre, feliz no palco. Porque é justamente o lugar onde eu falei que queria morrer. Dando meu último agudo de Babalu”, afirmou.
Ângela Maria em Londrina
Ângela esteve em Londrina para participar do Festival Internacional de Música, onde se apresentou o show ‘Encontro de Divas’ ao lado de Simone Mazzer. Foi no camarim que ela recebeu o repórter e apresentador Giuliano Marcos para uma conversa descontraída.
Durante a entrevista, Ângela Maria contou que nunca pensou fazer outra coisa da vida senão cantar e que a receita de seu sucesso por tantos anos é o respeito pelo público. “Eu sempre fui uma cantora muito dedicada a minha arte. Sempre respeitei e respeito muito o público porque se eu sou Ângela Maria com todo esse sucesso, eu agradeço ao povo brasileiro. Eu sou uma pessoa que me integro completamente a minha arte e ao meu público, por isso, que eu estou aqui até agora. Cantar é minha vida”, explicou.
“Se eu for fazer um show e não cantar Babalu o público fica muito enraivecido, é capaz até de me vaiar”, disse a cantora em tom de brincadeira sobre um dos seus principais sucessos. Com 120 discos, ela é reconhecida pelo Guinness Book como recordista mundial de gravações, no entanto, segundo ela, o público faz questão de ouvir mambo cubano com seus agudos fortes e marcantes.
Ângela foi considerada a cantora mais popular do Brasil na década de 1950 e serviu de inspiração para intérpretes como Elis Regina, mas seus fãs têm todas as idades. Segundo ela, a música ‘Gente Humilde’ foi responsável por sua descoberta em um público mais jovem. “Meu público se renova cada vez mais, é criança, são jovens, enfim, todo o tipo de público eu tenho tido nos meus shows”.
Saudades de Cauby Peixoto
Cauby Peixoto foi um grande amigo e parceiro da cantora. Durante a entrevista, ela lembrou com carinho o amigo falecido em 2016. “Cantamos durante 60 anos, fizemos shows, gravamos, viajamos. Temporadas tudo junto. A saudade é muito grande, ainda sinto muita falta dele. Principalmente, quando me apresento assim em shows fora de São Paulo em que ele viajava comigo. Eu sinto falta”.
Falecimento da cantora
Abelim Maria da Cunha, nome de nascimento de Ângela Maria, morreu após 37 dias internada no Hospital Santa Maggiore de infecção generalizada. A cantora será velada e sepultada neste domingo (30) no Cemitério Congonhas, na zona sul de São Paulo capital.
Assista à entrevista na íntegra:
Giuliano Marcos conversou com a rainha do rádio brasileiro.