Imagine embarcar em uma missão espacial e, ao retornar à Terra, perceber que está alguns centímetros mais alto. Pode parecer ficção científica, mas é real: um astronauta pode crescer até 5 cm durante uma estadia no espaço. Esse fenômeno é temporário, mas chama a atenção por mostrar como o corpo humano reage à ausência de gravidade.

O espaço impõe uma série de adaptações fisiológicas ao organismo, e entre elas está o surpreendente alongamento da coluna vertebral. Neste artigo, vamos explicar por que isso acontece, o que muda no corpo de um astronauta e como a ciência estuda esses efeitos para garantir missões mais seguras e eficientes.

A gravidade e seu papel no nosso corpo

Na Terra, a gravidade exerce constante pressão sobre nossos corpos. Ela puxa tudo para baixo, inclusive nossa coluna vertebral. Essa força faz com que os discos intervertebrais — estruturas flexíveis entre as vértebras — fiquem levemente comprimidos ao longo do dia. É por isso que muitas pessoas são alguns milímetros mais baixas à noite do que pela manhã, após horas de compressão vertical.

No espaço, essa força deixa de atuar da mesma maneira. Os astronautas vivem em um ambiente de microgravidade, onde os efeitos da gravidade são praticamente anulados. Sem essa compressão contínua, os discos intervertebrais se expandem, aumentando a distância entre as vértebras. Esse processo pode resultar em um ganho de altura de até 5 centímetros em missões de longa duração.

O que acontece com a coluna na microgravidade

A coluna vertebral é composta por 33 vértebras separadas por discos que funcionam como amortecedores. Em condições normais, esses discos são comprimidos pelo peso do corpo e pela força gravitacional. Mas no espaço, o corpo flutua livremente, e essa pressão é aliviada.

Com o alívio da gravidade, os discos absorvem mais fluido, se expandem e empurram as vértebras para longe umas das outras. O resultado é uma coluna ligeiramente mais alongada, que pode alterar não só a estatura, mas também a postura dos astronautas durante o voo.

Esse crescimento não é permanente. Assim que os astronautas retornam à Terra, a gravidade volta a atuar sobre o corpo, e a coluna retorna ao seu comprimento normal em poucos dias.

Astronautas crescem no espaço A ciência explica!

Os efeitos colaterais desse “crescimento”

Embora pareça uma vantagem crescer alguns centímetros, essa expansão da coluna pode causar desconforto. Muitos astronautas relatam dores nas costas nos primeiros dias da missão. Isso ocorre porque os músculos e ligamentos ao redor da coluna precisam se adaptar rapidamente ao novo alinhamento e à mudança de pressão.

Além disso, a postura alterada pode afetar a forma como os astronautas se movimentam dentro da estação espacial, aumentando o risco de lesões ou esforço indevido em certas articulações.

Por isso, as agências espaciais como a NASA treinam os astronautas para fortalecer a musculatura da coluna antes da missão, além de propor exercícios específicos durante o período no espaço para minimizar os desconfortos.

O que a ciência aprende com isso

Estudar as mudanças físicas que ocorrem no corpo dos astronautas ajuda a entender melhor como a gravidade influencia nossa saúde. Os dados coletados em missões espaciais contribuem para pesquisas sobre envelhecimento, osteoporose, degeneração dos discos da coluna e até mesmo mobilidade em ambientes com gravidade reduzida, como Marte.

Essas descobertas também inspiram novas tecnologias para reabilitação física e tratamentos de dores nas costas aqui na Terra.

A preparação para viagens mais longas

Com o avanço dos planos para missões à Lua e, futuramente, a Marte, os cientistas continuam estudando os efeitos da microgravidade em missões prolongadas. A expansão da coluna e suas consequências são apenas um dos muitos desafios a serem enfrentados.

Hoje, os astronautas usam roupas especiais, colchões adaptados e realizam sessões regulares de exercícios para preservar a saúde da coluna e do sistema musculoesquelético.

Esses cuidados não apenas garantem a segurança durante a missão, mas também ajudam na readaptação ao retornar à Terra, onde o corpo precisa se reajustar ao ambiente com gravidade.