Os bloqueios promovidos pelos caminhoneiros nas estradas já prejudica o abastecimento de combustíveis, medicamentos e a produção de leite e carnes
Nesta segunda-feira (23), a Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou junto à Justiça Federal dos sete estados onde há manifestações de caminhoneiros, pedidos de liminar para o desbloqueio das estradas interditadas. A ações pedem ainda que sejam impostas multas de R$ 100 mil por cada hora que a decisão demore a ser cumprida.
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Também nesta segunda-feira, a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e representantes de outras entidades representativas do setor produtivo do Estado se reuniram com o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Paraná, Gilson Luiz Cortiano.
A pauta do encontro foi a preocupação da classe empresarial em relação às manifestações dos caminhoneiros e as providências que a PRF está tomando para garantir a circulação das cargas. Também participaram do encontro os presidentes da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), Darci Piana, da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, e do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná, Péricles Salazar.
A manifestação dos caminhoneiros, que desde o último dia 13 de fevereiro promove bloqueios em diversas rodovias estaduais e federais do Paraná e do Brasil, já prejudica o abastecimentos em diversas cidades.O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, afirma que os protestos comprometem a entrega de matérias primas para as indústrias e o transporte de produtos finais. “Esses atrasos representam um enorme prejuízo para as empresas”, avaliou.
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Segundo Campagnolo, a preocupação é ainda maior em relação ao bloqueio de cargas de produtos perecíveis. Líderes do protesto dos caminhoneiros afirmam que veículos que transportam esses itens estão com passagem liberada pelas rodovias, no entando, a Fiep diz ter relatos de que isso não vem sendo respeitado. Sindicatos representam as indústrias de carne e de leite, entre outros, já registram problemas com a manifestação.
No caso do leite, a situação mais grave está na região Sudoeste do Paraná. “Existem vários relatos de produtores que não estão conseguindo transportar o leite até as indústrias de laticínios. Por se tratar de um produto altamente perecível e de produção diária, o maior problema dos produtores é com o armazenamento. De acordo com a Fiep, vários produtores estão tendo que descartar centenas de litros de leite. Além disso, indústrias do setor relatam dificuldades para receber embalagens, o que também pode inviabilizar a produção e o abastecimento de leite nos próximos dias.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirma que os protestos afetam a produção de aves e suínos nas regiões Sul e Sudeste, já que começam a faltar insumos e ração animal nestes locais. O Brasil é um dos maiores exportadores de carne de frango.
A BRF, companhia de alimentos dona das marcas Sadia e Perdigão, anunciou nesta segunda-feira que a produção foi paralisada em duas fábricas do Estado por falta de aves. Segundo a empresa, os bloqueios afetam “todo o ciclo, desde a produção de ração animal até a distribuição dos produtos”.
No interior do Paraná, a falta de combustível disparou o preço nas bombas. Em Pato Branco o litro da gasolina já é vendido a R$ 5 em alguns postos. Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), no último domingo (22) os bloqueios quase impediram o abastecimento de querosene de aviação no Aeroporto de Foz do Iguaçu. O sindicato afirma que foi necessária a intervenção da Polícia Rodoviária paga garantir a chegada do combustível ao local.
De acordo com o Sindicom, a falta de gasolina e diesel, por enquanto, afeta localidades menores e mais afastadas, mas com a continuidade dos bloqueios, a preocupação é de que a situação seja agravada em um ou dois dias.