Cientistas de instituições norte-americanas e europeias descobriram a origem de pulsos de rádio detectados dentro da Via Láctea. O estudo publicado no dia 12 de março na revista Nature Astronomy esclareceu a natureza desses sinais misteriosos, que estavam há anos gerando especulações no campo da astronomia.

A princípio, os pulsos de rádio observados durante o estudo eram intermitentes e apresentavam um padrão quase ritmado, semelhante a um batimento cardíaco. Eles tinham duração de 30 a 90 segundos e eram analisados a partir dos tempos de chegada para determinar uma “solução conectada e em fases”.
Além disso, o ciclo de emissão desses pulsos era de 2%, o que equivale a um tempo total de emissão de apenas 0,02 segundos. A pesquisa constatou que a fonte dos sinais parecia ser “intrinsecamente variável”, com pulsos sendo detectados em pelo menos sete dos 26 períodos observados.
De acordo com o estudo, os pulsos foram registrados entre 2015 e 2020, ocorrendo com uma frequência estável entre 120 e 168 MHz. Essa constância despertou a atenção dos astrônomos, que buscavam entender o fenômeno.
De onde surgem os pulsos misteriosos da Via Láctea?
Após muita pesquisa, cientistas descobriram que os sinais de rádio aparentemente provinham da região da constelação Ursa Maior, uma das mais conhecidas do céu do hemisfério norte. Porém, o mistério em questão não estava diretamente ligado a essas estrelas, mas a um sistema estelar mais distante, que se revelou como a fonte dos pulsos.

Utilizando o Low-Frequency Array Telescope (LOFAR), uma rede de radiotelescópios espalhada pela Europa, os pesquisadores descobriram que os pulsos de rádio não eram provenientes de uma estrela comum, mas de uma estrela anã branca já morta. A princípio, ela estaria em órbita ao redor de uma outra estrela anã vermelha, formando um sistema binário.
Além disso, o estudo também sugere que a interação entre os campos magnéticos desses dois corpos celestes, catalogados como ILTJ1101, é responsável pela emissão dos pulsos. As órbitas de ambas as estrelas são tão próximas que geram pulsos de rádio de longo período (LPT, na sigla em inglês), que se caracterizam por sua longa duração e uma periodicidade irregular.
O que são os pulsos da Via Láctea?
Conforme os estudos realizados, os pulsos observados são classificados como Long-Period Transients, um tipo de emissão frequentemente associada a estrelas de nêutrons magnetizadas, que são os restos de estrelas supernovas, ou até mesmo a buracos negros. Esses sinais são notáveis por sua capacidade de durar longos períodos e por sua irregularidade em relação à periodicidade.

As observações realizadas com telescópios nos Estados Unidos, em locais como o Observatório MMT, no Arizona, e o Observatório McDonald, no Texas, revelaram que a estrela anã associada aos pulsos de rádio apresentava um movimento peculiar. Ela se deslocava de forma oscilante, indo e voltando, em um ciclo de duas horas.
Esse movimento era causado pela interação gravitacional com sua estrela companheira, que a puxava para perto e depois a afastava. Por isso, a estrela anã branca, localizada a aproximadamente 1.600 anos-luz da Terra, exerceu uma força gravitacional significativa sobre seu vizinho estelar.
Por fim, o estudo revelou várias possíveis explicações para os pulsos misteriosos da Via Láctea. Uma delas envolve o campo magnético altamente potente que envolve a estrela anã branca. Outra hipótese sugere que a interação entre as duas estrelas vizinhas seja a principal responsável pelos pulsos de rádio, embora os cientistas ainda investiguem os detalhes dessa dinâmica.
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