Uma equipe internacional de astrônomos anunciou uma descoberta impressionante que pode mudar o entendimento sobre as origens do nosso Sistema Solar: o “gêmeo perdido” do Sol. Trata-se de uma estrela localizada a cerca de 184 anos-luz da Terra, com características físicas e químicas notavelmente semelhantes às da nossa estrela-mãe. A descoberta, publicada na renomada revista científica Astronomy & Astrophysics, reacendeu o interesse pela busca de estrelas-irmãs do Sol.

foto do sol para ilustrar o gêmeo perdido
A identificação da HD 186302 como um possível “gêmeo perdido” do Sol abre caminho para uma série de descobertas (Foto: Ilustração/Canva)

O que é astronomia: uma jornada pelos segredos do cosmos

Mais do que uma coincidência cósmica, encontrar um “irmão solar” pode fornecer informações valiosas sobre a infância do Sistema Solar e sobre as condições que permitiram o surgimento da vida na Terra.

O que significa encontrar um “gêmeo” do Sol?

A expressão “gêmeo do Sol” não é apenas uma metáfora poética. Em astronomia, esse termo é usado para se referir a uma estrela que compartilha uma série de propriedades com o Sol: mesma massa, composição química, idade e luminosidade. Esses astros são raros — e, por isso mesmo, preciosos.

Encontrar uma estrela com todas essas características pode funcionar como uma cápsula do tempo, oferecendo uma nova perspectiva sobre como o Sol se formou, como evoluiu e como interagiu com o ambiente ao seu redor, inclusive com os planetas do Sistema Solar primitivo.

A busca pelo “irmão solar” e a missão por trás da descoberta

O grupo liderado pelo astrofísico português Vardan Adibekyan, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), utilizou um sofisticado modelo computacional que cruza dados de temperatura, luminosidade, metalicidade e idade estelar. O resultado foi a identificação de uma estrela chamada HD 186302, localizada na constelação de Pavo, no hemisfério sul.

foto do sol em céu laranja
A meta agora é buscar exoplanetas ao redor da HD 186302 e estudar sua atmosfera (Foto: Ilustração/Canva)

Segundo os cientistas, a HD 186302 nasceu aproximadamente na mesma época que o Sol — cerca de 4,6 bilhões de anos atrás — e tem uma composição química quase idêntica à dele. Essa similaridade sugere que ambas podem ter se formado na mesma nuvem molecular gigante.

Novo planeta pode ter sido encontrado e intriga astrônomos com possíveis sinais

O que a HD 186302 pode revelar sobre o Sistema Solar primitivo?

A hipótese de que o Sol teve irmãos — estrelas que nasceram da mesma nuvem de gás e poeira — é amplamente aceita entre os astrônomos. No entanto, até agora, nenhum “irmão” havia sido identificado com tanta precisão.

Essa descoberta pode lançar luz sobre o ambiente em que o Sistema Solar nasceu. Ao estudar estrelas-irmãs, os cientistas esperam responder a perguntas fundamentais:

  • Como era o berçário estelar do Sol?
  • Que tipo de interações houve entre as estrelas vizinhas?
  • Isso influenciou a distribuição de planetas e asteroides?
  • Qual o papel da radiação e dos ventos estelares na formação dos planetas?

Além disso, os pesquisadores esperam compreender melhor como compostos orgânicos — que são os blocos fundamentais da vida — podem ter sido transferidos entre sistemas planetários durante os estágios iniciais do desenvolvimento estelar.

E se existirem outros gêmeos solares?

A descoberta da HD 186302 pode ser apenas a ponta do iceberg. Os astrônomos acreditam que o Sol pode ter tido dezenas ou até centenas de “irmãos estelares”, espalhados atualmente por diferentes regiões da Via Láctea. A missão Gaia, que mapeia bilhões de estrelas com altíssima precisão, promete revelar muitos outros candidatos nos próximos anos.

foto do sol entre nuvens
Mais do que uma curiosidade astronômica essa estrela pode ser a chave para entender como o Sistema Solar evoluiu (Foto: Ilustração/Canva)

Nesse sentido, a ciência entra em uma nova fase: a da arqueologia estelar, onde o objetivo é reconstruir a história da nossa galáxia a partir de suas estrelas mais antigas e de suas conexões químicas e dinâmicas.

O Sol nasceu em um aglomerado estelar?

Outra pista revelada por essa pesquisa está ligada à origem do Sol. Há anos, os astrônomos especulam que o Sol pode ter nascido em um aglomerado estelar — um grupo compacto de centenas ou milhares de estrelas formadas ao mesmo tempo a partir de uma mesma nuvem.

Com o tempo, essas estrelas se dispersam pela galáxia, seguindo órbitas diferentes. Encontrar uma estrela como a HD 186302 fortalece essa hipótese e oferece uma pista concreta sobre onde e como o Sol pode ter nascido.

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Mahara Gaio

Repórter

Jornalista formada pela Universidade Positivo e pós-graduada em Jornalismo Digital. Produz pautas com foco em Clima e Tempo, além de Segurança, com ênfase em crimes e acidentes de repercussão no Paraná.

Jornalista formada pela Universidade Positivo e pós-graduada em Jornalismo Digital. Produz pautas com foco em Clima e Tempo, além de Segurança, com ênfase em crimes e acidentes de repercussão no Paraná.