A descoberta de um possível novo planeta localizado além da órbita de Netuno foi relatada em uma pesquisa internacional que, ao analisar dados de telescópios infravermelhos, identificou indícios de um objeto misterioso em movimento. A pesquisa foi liderada por Terry Long Phan, estudante de astronomia da Universidade Nacional Tsing Hua, em Taiwan, e publicada na revista científica Publications of the Astronomical Society of Australia.

Novo planeta
Apesar do entusiasmo gerado pela nova pesquisa, a possível descoberta foi recebida com cautela e ceticismo por parte da comunidade científica (Foto: Patryk Sofia Lykawka/Arquivo Pessoal)

Conforme os pesquisadores, há identificação de sinais que podem indicar a presença de um corpo celeste até então não catalogado.

Utilizando dados de dois telescópios espaciais infravermelhos — um lançado em 1983 e outro em 2006 — os cientistas detectaram 13 pares de pontos luminosos no céu. Esses pontos, ao serem comparados, indicam possíveis deslocamentos que sugerem a presença de um objeto com comportamento compatível ao de um planeta em movimento, além de Netuno.

Esse comportamento lembra as características previstas para o chamado Planeta Nove, uma hipótese que intriga astrônomos há quase uma década.

Novo planeta: o que é o Planeta Nove

A teoria do Planeta Nove surgiu em 2016, proposta por astrônomos do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), incluindo Mike Brown, conhecido por sua atuação na reclassificação de Plutão como planeta anão.

Segundo essa hipótese, um planeta gigante com massa semelhante à de Netuno poderia estar orbitando o Sol a uma distância entre 400 e 800 unidades astronômicas (1 UA equivale à distância da Terra ao Sol).

De acordo com a pesquisa, a presença desse planeta explicaria as órbitas anômalas de diversos objetos localizados no Cinturão de Kuiper, uma região composta por bilhões de corpos gelados além de Netuno. Um planeta dessa magnitude levaria entre 10 mil e 20 mil anos para dar uma volta completa em torno do Sol, o que dificulta sua detecção por telescópios convencionais.

Ceticismo divide comunidade científica

Apesar do entusiasmo gerado pela nova pesquisa, a possível descoberta foi recebida com cautela e ceticismo por parte da comunidade científica.

Mike Brown, o mesmo astrônomo que ajudou a formular a hipótese do Planeta Nove, comentou publicamente que os dados apresentados não coincidem com os parâmetros esperados para esse planeta.

Segundo Brown, a movimentação observada nos dados infravermelhos pode ser interpretada de outras formas, inclusive como artefatos ou ruídos nos sensores dos telescópios utilizados. Ele ressalta que os sinais não correspondem ao que os modelos preveem sobre brilho, temperatura e posição orbital do hipotético nono planeta.

Ainda assim, Brown reconheceu que o esforço da equipe liderada por Phan é importante, pois estimula a busca contínua por evidências observacionais que possam confirmar (ou descartar) a existência de corpos ainda não identificados nos limites do Sistema Solar.

O que dizem os dados

Os 13 pares de pontos identificados nos registros infravermelhos sugerem um padrão de deslocamento coerente com um objeto em movimento orbital. No entanto, como esses dados foram coletados em dois períodos distintos, com uma diferença de mais de 20 anos entre eles, é difícil afirmar com precisão a trajetória ou as características exatas do possível planeta.

Para confirmar que se trata realmente de um planeta e não de uma estrela de fundo ou um asteroide interestelar, os pesquisadores precisarão de observações adicionais, preferencialmente usando telescópios ópticos modernos ou sensores de alta resolução, como os do telescópio espacial James Webb.

Por que a descoberta é importante?

Mesmo sem confirmação oficial, a descoberta levanta questões fundamentais sobre a estrutura e os limites do Sistema Solar. Se um novo planeta for de fato identificado, isso significaria uma revolução nos modelos atuais de formação planetária, além de reabrir debates sobre o que define um planeta.

Além disso, a confirmação de um nono planeta traria implicações diretas sobre a estabilidade gravitacional do Sistema Solar, influenciando cálculos orbitais, missões espaciais futuras e até mesmo nossa compreensão sobre como planetas gigantes se formam e migram ao longo de bilhões de anos.

A equipe responsável pela descoberta já solicitou mais tempo de observação em telescópios terrestres e espaciais para verificar os dados.

Segundo os cientistas, o objetivo agora é reunir evidências complementares para confirmar se o movimento registrado realmente corresponde a um planeta, e, se for o caso, entender se ele se encaixa ou não na descrição do Planeta Nove.

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Eduardo Teixeira

Repórter

Eduardo Teixeira é formado em Jornalismo pela Uninter. Possui experiência em pautas de Segurança, como acidentes e crimes, além de virais da internet, trends das redes sociais e pautas de Cultura. Também atua como repórter de TV e rádio.

Eduardo Teixeira é formado em Jornalismo pela Uninter. Possui experiência em pautas de Segurança, como acidentes e crimes, além de virais da internet, trends das redes sociais e pautas de Cultura. Também atua como repórter de TV e rádio.