Após criticar o Conselho Federal de Medicina (CFM) abertamente durante entrevistas, a médica Lígia Bahia foi processada pela entidade. Entre os comentários, a profissional da saúde desaprovou a posição do CFM quanto à vacinação contra a Covid-19 e a posição do Conselho sobre o aborto.

Médica sanitarista e professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ligia Bahia foi uma voz ativa sobre o plano de ação contra a Covid-19 durante a pandemia. Durante os anos mais severos da proliferação da doença, a médica se posicionou a favor do isolamento domiciliar e da vacinação.
A princípio, as críticas de Bahia incluem o apoio dado pela entidade ao uso de Cloroquina, um remédio comprovadamente ineficaz para o tratamento do Coronavírus, durante a pandemia. Além disso, a médica criticou o Conselho por se colocar contra lei que permitiria que crianças vítimas de estupro pudessem abortar.
“É ultra preocupante que o Conselho Federal de Medicina seja ocupado, digamos assim, politicamente, por posicionamentos político-partidários muito claros”, afirmou.
O Conselho pede que Lígia Bahia pague uma indenização de R$ 100 mil pelas críticas feitas, além de se retratar com a entidade publicamente. De acordo com o CFM, a médica fez “acusações infundadas” sobre o órgão, além de disseminar “discurso de ódio”.
Instituições demonstram apoio à Ligia Bahia
Após a solicitação do CFM, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) se manifestaram em apoio à Ligia. Em uma nota divulgada nesta terça-feira (4), as entidades afirmam que punir a médica vai contra os “princípios básicos da ciência e da liberdade de expressão”.
“As declarações da professora Ligia Bahia refletem consensos científicos amplamente reconhecidos, tanto no Brasil quanto internacionalmente. Ao buscar puni-la por defender estratégias baseadas em evidências científicas, o CFM se afasta dos princípios básicos da ciência e da liberdade de expressão, que fundamentam a vida acadêmica e as sociedades democráticas”, afirmam os órgãos.
Por fim, a nota foi assinada pela presidente da ABC, Helena Bonciani Nader, e pelo presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro. Após a divulgação do apoio das entidades à Ligia Bahia, o CFM ainda não se pronunciou.
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