Saiba como a Covid-19 ajudou profissionais do sexo a fazer história

Publicado em 31 maio 2022, às 11h16. Atualizado às 15h25.

Uma festa que reuniu profissionais do sexo, autoridades do governo, assistentes sociais e ativistas, celebrou um esforço de 30 anos para descriminalizar a compra e venda de sexo na Bélgica, que agora é o primeiro país da Europa a aceitar a ação como uma profissão.

Ativistas afirmam que a pandemia da Covid-19 foi o catalisador para a votação no Parlamento em março para remover o trabalho sexual do código penal. Os confinamentos deixaram trabalhadores do sexo sem renda e, devido ao seu status legal incerto, sem benefícios de desemprego.

“De repente, as pessoas foram confrontadas com imagens de mulheres em fila nas ruas, esperando aqui em Bruxelas para conseguir comida”, disse Daan Bauwens, cujo sindicato de profissionais do sexo, Utsopi, foi fundamental para mudar a lei.

“Estas são como cenas da Grande Depressão”,

afirmou.

Anteriormente, o trabalho sexual era tolerado na Bélgica, mas aqueles que o facilitavam, como proprietários de hotéis, eram passíveis de processo.

Condições mínimas aos profissionais de sexo

Conforme seus defensores, isso permitirá que trabalhadores do sexo estabeleçam seus próprios termos, podendo reduzir a exploração e a violência e facilitar o acesso a serviços médicos.

O profissional do sexo e ativista Maxime Maes relatou disse que fez tudo para que a lei mudasse. E na festa, que aconteceu em um pequeno local de artes em Bruxelas, foi a primeira vez que pareceu real. Maxime deu um passo à frente para fazer seu discurso, abrindo um sorriso e gritando para a multidão festeira: “Nós vencemos!”

“Quando as pessoas diziam ‘Sim, sim, foi votado, nós ganhamos’, foi tipo, eu não sei, todas as minhas palavras foram esmagadas”, disse Maes, com a voz tremendo de riso nervoso com a lembrança. “Senti uma grande emoção e chorei.”

“A descriminalização fornecerá uma estrutura clara com condições mínimas que podem ser controladas, para que situações problemáticas sejam detectadas mais rapidamente”,

disse um porta-voz do Ministério da Justiça em comentários por e-mail.

BRUXELAS (Thomson Reuters Foundation) – Por Joanna Gill