Inédito no Brasil, a República Condomínio Social foi oficialmente lançado em Curitiba, nesta segunda-feira (26), com intuito de ajudar moradores de rua que buscam recuperar a autonomia e reintegrar-se à sociedade e ao mercado de trabalho. O projeto, que é coordenado pela Fundação de Ação Social (FAS), funciona desde janeiro como experimento e já auxiliou diversas pessoas.
“Às vezes ficávamos na rua, perambulando, sem lugar pra ficar. E agora temos o Condomínio. Nossa casa, nossa cama fixa, como procurar nosso trabalho. É um renascimento. Eu nem acredito no quanto minha vida mudou em tão pouco tempo”, disse o ex-morador de rua Francisco Andrade do Nascimento.
Atualmente o local ampara 37 moradores, todos já com emprego formal ou em vias de iniciarem suas atividades. Todos recebem acompanhamento psicológico. A ideia é que a pessoa encaminhada de outros equipamentos para o Condomínio Social permaneça no local por no máximo dois anos. Durante este período, a equipe do Condomínio fará todo o acompanhamento e também auxiliará para que o morador dê entrada na documentação necessária para financiar sua moradia definitiva através da Cohab. “Ou seja, o Condomínio realmente torna-se um local intermediário, que prepara e dá todo o apoio nesta caminhada”, afirma a presidente da FAS, Marcia Oleskovicz Fruet.
Investimento
A solenidade de lançamento aconteceu no Salão de Atos do Parque Barigui. Em seguida, a ministra Tereza Campello, acompanhada da secretária nacional de Assistência Social, Denise Colin, fez uma visita ao Condomínio Social e conheceu os moradores e a estrutura, montada em um antigo seminário localizado em um terreno com mais de 2 mil metros quadrados.
“Em geral a área social é a primeira variável de ajuste nos orçamentos. Por isso, Curitiba está de parabéns por ter tido a coragem de mostrar que a assistência social é investimento, é mudança, é crescimento. O projeto do Condomínio Social dá oportunidade para que a pessoa em situação de rua busque mais, uma vida melhor. Que seja um exemplo e um estímulo para todo o País”, disse a ministra.
O condomínio tem 18 apartamentos (com ou sem banheiro) com camas, guarda-roupas e cômodas. Há também espaços de convivência, cozinha comunitária, biblioteca e espaço ao ar livre. A limpeza e organização do Condomínio é feita pelos próprios moradores, em sistema de escala.
Os moradores do Condomínio são pessoas atendidas pelos serviços de acolhimento da FAS e foram selecionadas por se encontrarem em condições de autocuidado e de mobilização para o trabalho. “Muitas pessoas em situação de rua foram dependentes químicos e por isso é feito um acompanhamento psicológico de todos os moradores para evitar casos de reincidência”, diz a superintendente de planejamento da FAS, Jucimeri Silveira.
Segundo a supervisora da FAS na regional Santa Felicidade, Maria Tereza Gonçalves, “no momento em que os moradores chegam ao Condomínio, percebemos muita desconfiança. São pessoas que já passaram por muitas negativas na vida e acompanhar essa trajetória de mudança é recompensador. Hoje vemos a empolgação e escutamos planos para o futuro”, diz.