Redução da letalidade da doença, transmitida por meio da urina de ratos, foi reduzida em 34,3%

Curitiba conseguiu reduzir em 34,3% a letalidade (percentual de casos que acabam em óbito) da leptospirose desde 2012, baixando o índice de 12,8% para 8,4% no ano passado. Em 2008, essa marca chegou a 17,6%, com 91 casos confirmados e 16 óbitos. De lá para cá, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Secretaria Municipal da Saúde começou o mapeamento das áreas de risco para a transmissão da doença e, no ano passado, pela primeira vez este índice ficou abaixo de 10% — considerada a taxa esperada pelo Ministério da Saúde para o Brasil. Entretanto, com o mapeamento das áreas de risco, é possível reduzir ainda mais esta marca. A leptospirose é transmitida por uma bactéria presente na urina de rato – a leptospira – e que apresenta maior incidência durante o período de chuvas.

Em 2014, foram 95 casos confirmados e oito mortes decorrentes da leptospirose. Atualmente, Curitiba tem 114 áreas de risco para transmissão da doença que são monitoradas constantemente pelos profissionais do CCZ. Segundo o biólogo Diogo Ferraz, do CCZ, essas áreas estão distribuídas em todos os nove distritos sanitários de Curitiba e o trabalho de monitoramento dura o ano todo, seguindo um calendário pré-definido.

A definição das áreas de risco segue parâmetros do Ministério da Saúde. Entre os critérios de classificação estão o nível de saneamento do local, potencial de áreas inundáveis, proximidade de ocupações irregulares, áreas com acúmulo de lixo e histórico de casos de leptospirose.

Trabalho planejado

Ferraz explica que há uma metodologia de trabalho específica adotada para as áreas de risco, com um ciclo de três visitas da equipe do CCZ aos imóveis e que são realizadas em intervalos de dez dias. Em 2014, 37,5 mil imóveis localizados nessas áreas receberam a visita das equipes do CCZ e cerca de 40 mil pessoas foram orientadas sobre como auxiliar na redução da população de ratos. “Essa metodologia é fundamental para o resultado positivo do trabalho. Uma única intervenção não elimina o foco do problema”, salienta.

O biólogo conta que a visita engloba a avaliação ambiental do imóvel para verificar se existem vestígios de ratos (existência de trilhas, tocas, fezes), a aplicação de produto químico quando confirmada a presença de roedores e ainda a orientação dos moradores sobre as formas de evitar os animais e, assim, prevenir a leptospirose.

Além do mapeamento das áreas de risco, o CCZ está desenvolvendo um sistema de alerta de leptospirose. Trata-se de um sistema integrado para repassar informações estratégicas para unidades básicas de saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 24 Horas. “Como os sintomas da leptospirose podem ser confundidos com os da gripe, a localização geográfica do paciente é fundamental na hora de conduzir o tratamento e os profissionais da assistência precisam ter condições de fazer o diagnóstico precocemente, que é o fator principal para o sucesso do tratamento contra a leptospirose”, ressalta o superintendente de Gestão da Atenção à Saúde da Secretaria, César Titton.

Recomendações

– Ao circular por áreas que foram atingidas pelas chuvas, use sempre calçados bem fechados, preferencialmente botas longas;

– Inutilize todos os alimentos que tenham tido contato com a água das chuvas;

– Ao fazer a limpeza de residências, use sempre botas e luvas;

– Evite levar a mão molhada à boca ou aos olhos. Com isso, evita-se que a bactéria penetre por lesões existentes na pele ou nas mucosas;

– Animais domésticos devem ser vacinados com regularidade para evitar a doença;

– O lixo doméstico deve estar sempre embalado;

– Só consuma água fervida ou coloque algumas gotas de hipoclorito de sódio ou de água sanitária antes de beber ou cozinhar;

– Lave bem os alimentos, especialmente frutas e verduras que serão consumidas cruas;

– Mantenha as caixas d’água sempre tampadas;

– Mantenha os alimentos guardados em recipientes bem fechados e à prova de roedores (latas de vidro, alumínio);

– Retire as sobras de comida ou ração de animais domésticos antes do anoitecer e mantenha limpos os vasilhames;

– Quintais e terrenos devem estar sempre limpos e sem o acúmulo de entulhoscomo telhas, madeiras e materiais de construção, que costumam servir de abrigo aos roedores;

– Não jogue lixo nas ruas, córregos e rios;

– Ao perceber qualquer sintoma, procure um serviço de saúde e evite a automedicação.