A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta segunda-feira (27), embargos de declaração para reduzir a pena de 27 anos e três meses de prisão.

Jair Bolsonaro, durante julgamento no STF; Defesa pediu revisão da pena
Ex-presidente está preso, em regime domiciliar, atualmente (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

A defesa justificou que a redução da pena poderia “sanar as ambiguidades, omissões, contradições e obscuridades” da decisão do STF.

Bolsonaro foi condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, atentado contra o Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

“Não se sabe, portanto, o que significou cada uma das circunstâncias consideradas, pelo Ministro Relator, como ‘amplamente desfavoráveis’. É indiscutível que a partir da existência de circunstâncias valoradas negativamente chegou-se, sem qualquer cálculo, sem qualquer demonstração, ao elevado aumento da sanção”, diz a peça da defesa.

Assim, a defesa de Bolsonaro alega ausência de individualização adequada e violação ao princípio da proporcionalidade. Além disso, reforçam que as circunstâncias negativas para o estabelecimento da pena não estão presentes no acórdão.

Ainda foi citado que houve cerceamento de defesa durante o processo e que isso levou à condenação no STF. Inclusive, a defesa aponta que não teve tempo hábil nem acesso adequado às provas produzidas na investigação.

“A defesa não pôde sequer acessar a integralidade da prova antes do encerramento da instrução; não teve tempo mínimo para conhecer essa prova. E não pôde analisar a cadeia de custódia da prova. Afinal, os documentos foram entregues quando terminava a instrução e, apesar dos recursos da defesa, o processo continuou”, complementaram.

A Primeira Turma do STF será responsável por fazer a análise desses recursos. Apenas após esse processo, as sentenças começam a ser executadas – caso não haja revisão nas penas.

Relembre como foi a condenação de Bolsonaro no STF

Jair Bolsonaro em entrevsita em Brasília
Bolsonaro foi condenado a mais de 27 anos de prisão pela Primeira Turma do STF. (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, foi o responsável por realizar a dosimetria da pena, ou seja, determinar o tempo em que Bolsonaro ficará preso. Dos 27 anos e 3 meses de prisão, 24 anos e 9 meses serão em reclusão.

Os ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin seguiram a dosimetria apontada por Moraes. Já Luiz Fux, o único ministro a absolver Bolsonaro em todos os delitos, manteve o posicionamento e não aplicou pena ao ex-presidente.

Anteriormente, Bolsonaro havia sido condenado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Outros seis réus também receberam a mesma sentença.

Confira a sentença em que Bolsonaro foi condenado por cada um dos crimes

Plenário do julgamento de Bolsonaro, que foi condenado pela Primeira Turma do STF
Ministro Cristiano Zanin encerrou a votação. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
  • Organização criminosa: 7 anos e 7 meses;
  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito: 6 anos e seis meses;
  • Golpe de Estado: 8 anos e 2 meses;
  • Dano qualificado: 2 anos e seis meses, 62 dias-multa;
  • Deterioração de Patrimônio: 2 anos e 6 meses, 62 dias-multa.

A dosimetria dos demais réus do processo da trama golpista será definida pelos ministros da Primeira Turma do STF ainda nesta quinta-feira.

O principal delator do processo e ex-ajudante de Bolsonaro, Mauro Cid, foi condenado a dois anos de detenção em regime aberto.

Saiba quem são os réus julgados pela trama golpista

Bolsonaro em prisão domiciliar
Antes mesmo do julgamento, Bolsonaro já estava preso em regime domiciliar. (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da república
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, com acordo de delação

*com informações da Agência Brasil

Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui.

Jorge de Sousa

Editor

Jorge de Sousa é formado em jornalismo desde 2016, pós-graduado em Direito Eleitoral e Processo Eleitoral e especializado na cobertura de pautas sobre Política, do Paraná e do Brasil, além de matérias sobre Agronegócio e Esportes.

Jorge de Sousa é formado em jornalismo desde 2016, pós-graduado em Direito Eleitoral e Processo Eleitoral e especializado na cobertura de pautas sobre Política, do Paraná e do Brasil, além de matérias sobre Agronegócio e Esportes.