Nesta quinta-feira (15) mais de 12 mil pessoas são esperadas nas manifestações contra a Copa do Mundo no Brasil,  que devem acontecer em pelo menos sete cidades-sede da Copa e em mais de 40 outras cidades do Brasil e também do exterior, como Santiago, no Chile.  Além das marchas, os movimentos pretendem desde cedo fechar importantes vias e acessos das cidades, no que, acreditam os organizadores, pode ser a retomada dos grandes protestos desde o fim da Copa das Confederações, no ano passado.

Os protestos, batizados de “Manifestação das Manifestações”, em alusão ao bordão “Copa das Copas” utilizado pela presidente Dilma Rousseff são convocados pelos Comitês Populares da Copa, espalhados pelo país. O Dia Internacional de Lutas contra a Copa,  15M (15 de maio) , como foi chamado, reunirá movimentos sociais, organizações civis, partidos políticos, ativistas e  pessoas atingidas por grandes obras.

Em Curitiba existem dois eventos programados para esta quinta-feira. O primeiro é um ato, marcado para às 17h30, na Boca Maldita, que vai percorrer um pequeno trajeto. O segundo é uma aula pública promovida pelo Comitê Popular da Copa de Curitiba. A aula, que vai acontecer às 19 horas, também na Boa Maldita, abordará as principais consequências da Copa do Mundo no país e em Curitiba. Segundo a página do Facebook “Não vai ter Copa – PR”, criada para centralizar os eventos, algumas pessoas que foram diretamente afetadas pelo megaevento estarão presentes. “Moradores da comunidade Nova Costeira, que estão sob ameaça de remoção devido as obras de ampliação do Aeroporto Afonso Pena, vão participar da aula”, afirmou o porta voz da página, que preferiu não ser identificado.

Com o mote “Copa sem povo: tô na rua de novo”, os manifestantes pretendem ocupar as ruas, como ocorreu, em junho do ano passado, quando uma série de manifestações mobilizou milhares de brasileiros durante a Copa das Confederações.

Integrante do Comitê Popular da Copa do Distrito Federal, Thiago Ávila explica que o dia marcará o início das manifestações programadas para ocorrer “até o último dia da Copa”. Para ele, será o momento de afirmar que “Precisamos de um projeto alternativo de sociedade, com menos desigualdade”.

Desta vez, os organizadores pretendem tornar mais claras as reivindicações, aproveitando também a projeção midiática da Copa do Mundo para denunciar o que a Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop) aponta como violações dos direitos humanos decorrentes da realização do Mundial.

O 15M tem 11 pautas. Entre elas, o arquivamento dos projetos de lei que tipificam crime de terrorismo ou amplia penas para danos causados durante manifestações. Os atos também cobram a desmilitarização das polícias, pensão vitalícia para as famílias dos nove operários mortos trabalhando na construção de estádios da Copa e para os incapacitados em acidentes de trabalho, bem como a responsabilização das construtoras.

Desde 2009, Comitês Populares da Copa começaram a ser organizados, nas cidades-sede do campeonato. Reunidos em torno da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop), eles produziram um dossiê que elenca as violações de direitos humanos constatadas nos últimos anos nesses locais.

De acordo com a pesquisa, 250 mil pessoas foram ameaçadas de remoção, em todo o país. Por isso, movimentos e ativistas que participarão do 15M reivindicam o fim dos despejos e remoções forçadas, a realocação de todas as famílias atingidas e a garantia de moradia digna.

“Em Salvador, está acontecendo uma operação de limpeza, no qual as pessoas estão sendo expulsas ameaçadas por armas. Lugares com tradição de mais de cem anos estão sendo ameaçados para que se beneficiem resorts”, diz o membro do comitê de Salvador e da Ancop Argemiro Ferreira, justificando os protestos.

O manifesto do 15M também defende a democratização dos meios de comunicação, com ênfase nas transmissões dos jogos, que será feita com exclusividade pela Rede Globo, e investimentos em transporte público de qualidade gratuito, além da tarifa gratuita nos transportes públicos, pauta que movimentou o país, no ano passado.

As outras cidades-sede que já possuem protestos agendados são: Rio de Janeiro, Distrito FederalFortalezaBelo HorizonteSão PauloPorto Alegre e Salvador.