Vinda do interior do Paraná, Maria Aparecida de Souza chegou em Curitiba aos 12 anos para trabalhar como doméstica. Naquela época, ela nem imaginava que viria a se tornar a rainha das rainhas do carnaval da capital paranaense e, agora, aos 54 anos, um dos símbolos da luta contra a doença de Castleman, que se comporta como um câncer no sistema linfático e gânglios

Desde 2017, Marcinha, como é conhecida nas escolas de samba curitibanas, enfrenta com coragem e determinação a doença rara e posou para uma ensaio fotográfico justamente para celebrar a vida. (Veja fotos abaixo)

“Para as pessoas que estão passando o mesmo problema que eu, eu digo: tenham fé em Deus que tudo é possível, nunca desistam de viver, lutem, tenham força, agarrem sua vida. Não acreditem nas coisas ruins que possam te falar, deem um passo de cada vez que vocês conseguem. Deus está ao seu lado, faça  o tratamento e não desista”, declara. 

Rainha das rainhas do carnaval de Curitiba

A trajetória de Marcinha é repleta de conquistas e vitórias no carnaval curitibano, ela ganhou 6 vezes o título de rainha do carnaval de Curitiba e 7 vezes o título de princesa. Hoje, afastada das passarelas do samba, lembra com saudades de como começou a participar da competição. “Eu sou da época que ainda tinha o Porão do Tatu, uma casa de samba que ficava embaixo  da Sociedade Operária, ali no São Francisco, e frequentemente muitas pessoas do carnaval iam nessa casa de samba e um dia me convidaram participar do concurso da rainha  do carnaval de 1998 e eu fui”. 

E foi um caminho sem volta, dali para frente, Marcinha participou por treze anos de todos os concursos de rainha do carnaval de Curitiba e quando não ficou em primeiro lugar, ficou em segundo. Nos primeiros anos, ela mesma fazia suas fantasias, mas com o passar do tempo e cada vez mais envolvida pela comemoração, Marcinha passou a encomendar as fantasias do Rio de Janeiro e chegou a pagar R$ 7 mil para estar impecável no dia do desfile. 

“O carnaval  de Curitiba pra mim representa o melhor carnaval que existe, pois é meu,  é da minha cidade”, diz Marcinha. 

Ex-rainha do carnaval descobre doença rara

A descoberta da doença rara dos gânglios e tecidos linfáticos foi em 2017 e, desde então, a rainha luta pela vida diariamente. “Em 2017, eu fui diagnosticada com uma doença rara que se chama doença de Castleman. É uma doença que se comporta como um câncer nos nódulos linfáticos e o tratamento só tem resposta com quimioterapia”, conta. 

Mesmo sempre otimista, ela confessa que nos últimos tempos se sentiu um pouco cansada e desanimada, principalmente, depois que teve a compra de uma medicação negada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Estou com uma medicação que demora 9 horas a aplicação. Para começar o tratamento, a medicação precisou ser liberada por ordem judicial, mas agora a Justiça está negando novas doses, mesmo que o oncologista tenha dito que eu preciso do remédio pra sobreviver. Então, é provável que ficarei só com a quimioterapia normal que é mais fraca para acabar com minha doença”, explica. 

Foi então que o convite para fazer o ensaio fotográfico ajudou a eterna rainha do carnaval a lembrar que a vida continua e não se pode desistir. 

“De uns tempos pra cá fiquei muito em casa por causa da doença e das quimioterapias. Aí, quando recebi o convite [para o ensaio fotográfico], me animei.  Ele me fez ver que existe muita vida sim para pessoas que como eu, às vezes, pensam que tudo acabou. Mas basta um estímulo de alguém para vermos o quanto muitas vezes pensamos que estamos mais doentes do que realmente estamos”, declara.

Ex-rainha de carnaval tem 7 filhos 

Além de muito samba no pé e uma linda história no carnaval de Curitiba, a rainha também sempre fez questão de ser uma mãezona e junto Jacques Coutant, seu marido há 34 anos, construiu uma grande família. “Temos, no total, sete filho, dois deles adotei pequenos quando minha irmã faleceu com problemas renais. São seis homens e uma mulher. O mais novo tem 18 e o mais velho 38”, conta orgulhosa. 

Veja galeria de fotos:

Confira as fotos do ensaio fotográfico feito Marcinha, os modelos são de Edson Eddel.