A assembleia dos professores, realizada nesta quarta-feira (04) acatou orientação do Comando de Greve e do Sindicato dos Servidores em Educação do Paraná (APP-Sindicato) e decidiu, por unanimidade, continuar a greve nas escolas estaduais de todo o Paraná. A assembleia aconteceu no Estádio Durival Britto e Silva, do Paraná Clube, na Vila Capanema. A paralisação geral na educação do estado começou no dia 09 de fevereiro e já está completando quase um mês. Cerca de 1 milhão de estudantes estão sem aula.

Professores se reúnem na Vila Capanema. Confira a matéria exibida no programa Balanço Geral Curitiba:

 

O presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão, abriu espaço para que os professores contrários ao entendimento do Comando de Greve pudessem se manifestar. Como não houve objeção, foi dado início à votação. No momento em que o presidente pediu para que os favoráveis à continuação da greve levantassem seus cartões de votação, as centenas de professores fizeram coro no estádio com os balançando os cartões vermelhos: “Eu tô na luta!”, repetiu a platéia. Os servidores que defendem a volta às aulas foram então convidados a se manifestar. Neste momento, o estádio permaneceu em silêncio.

 

Veja também: Colégio de Curitiba enfrenta a greve estadual dos professores e volta às aulas

Em reunião do Comando de Greve com integrantes do Conselho Estadual da APP-Sindicato, realizada na terça-feira, os representantes da categoria chegaram ao consenso de que a greve deveria continuar. Esta orientação foi apresentada na assembleia de hoje aos professores.

O  Comando de Greve discutiu também o pedido de ilegalidade e abusividade da greve solicitado pelo governo do Estado e a decisão do juiz  para que os professores do 3° ano do ensino médio retornem ao trabalho, juntamente com 30% dos funcionários das funções administrativas. “Nós pedimos que a Secretaria de Educação nos informe os nomes dos professores, turmas e horários exatos para que possamos voltar. É claro que isso é impossível”, comenta o presidente do sindicato, Hermes Leão.

O Governo enviou nota oficial lamentando a decisão tomada pelos professores. Segundo o texto “o Governo esclarece que atendeu toda a pauta de reivindicações apresentada pela APP durante as negociações” e afirma que está se esforçando para regularizar pendências com os servidores e garantir benefícios.

A nota do executivo estadual diz ainda que o Estado irá pedir na justiça que a greve seja considerada ilegal e abusiva e que o Governo espera que a decisão seja reavaliada pelos professores e servidores para que retornem às salas de aula o mais breve possível. A nota considera que a paralisação não tem mais justificativas.

Abaixo você vê a relação de todas os compromissos que o Governo do Estado diz ter assumido nas últimas reuniões com representantes da APP-Sindicato:

Fonte: Agência Estadual de Notícias

A direção da APP-Sindicato elaborou uma lista com as orientações que os professores devem seguir diante da continuidade da greve. Os passos foram repassados à categoria na assembleia desta quarta. Confira abaixo o cronograma do Sindicato:

  1. Continuidade da greve
  2. Orientar para que as Direções de Escola que, permanecendo em greve, cumpram a tarefa de fazer o suprimento em suas escolas, nos próximos três dias.
  3. Acompanhamento nesta quarta (04) a partir das 14h, na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o fim da Comissão Geral e Prestação de Contas do Quadrimestre pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa).
  4. No dia 6 de março, realizar atos simultâneos em frente aos Núcleos Regionais de Educação (NREs) de todas as cidades e convidar os demais servidores.
  5. Reforçar os atos referentes ao Dia Internacional da Mulher (08) no acampamento e nos atos em parceria com os Movimentos Feministas e em cada Núcleo Sindical da APP com proposta de diálogo com a comunidade.
  6. Até o dia 9 de março, promover “Dia de conversa com os Pais, Mães e Estudantes”, reuniões com a comunidade escolar.
  7. Debater de forma ampla sobre o tema da Previdência com a categoria.
  8. Exigir do Governador o compromisso público de que não mexerá no fundo previdenciário.

Pressão

Em meio a uma grave crise de fluxo de caixa, o governador Beto Richa (PSDB) tem enfrentado forte pressão popular contra os dois pacotes de ajuste fiscal anunciados em novembro e em janeiro. Entre outras medidas, estão previstos cortes de gastos em quase todos os setores da administração, extinção de secretarias e aumento de impostos.

Sindicatos de vários setores do funcionalismo já demonstraram insatisfação com o “pacotaço”, mas o principal foco de resistência são os professores.