A aprovação da proibição do uso do celular nas escolas do Brasil encontra apoio de pais e educadores em todo país.

O Projeto de Lei 104/2015 prevê que aparelhos eletrônicos como telefones celulares não possam ser utilizados por estudantes do ensino infantil, fundamental e do ensino médio.
A proposta foi aprovada na última quarta-feira (18) pelo Senado Federal e tem a expectativa de ser sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no início de 2025.
“Devemos entender que isso não é uma novidade do nosso país. Alguns países, como França, por exemplo, já proíbem o uso de tecnologias, smartphones, em sala de aula, desde 2018. Outros países, como Espanha, Grécia, Dinamarca, também fazem a mesma proposta. A Finlândia, que está sempre no ranking dos melhores níveis de educação do mundo, também”, explica Haroldo Andriguetto Júnior, presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR)
A proposta também é bem avaliada por pais e responsáveis do Brasil. Pesquisa realizada pela Nexus apontou que 86% dos brasileiros são a favor de alguma restrição ao uso de celular dentro das escolas.
54% dos entrevistados são a favor de uma restrição total ao uso desses aparelhos e 14% contrários ao projeto aprovado no Senado.
“A aprovação da proibição total ou parcial é exatamente a mesma entre quem tem filhos ou mora com crianças matriculadas em escolas e quem não tem filhos nem vive com estudantes. Em ambos os perfis, 54% defendem a restrição total e 32%, a parcial, com liberação de uso apenas em atividades pedagógicas”, complementa o CEO da Nexus, Marcelo Tokarski.
A justificativa da proposta pelo relator do Projeto de Lei no Senado Federal, Alessandro Vieira (MDB-SE) é “orientar uma política pública educacional”.
“Entre o início do período de aula até o final, o uso de celular está proibido, salvo questão de necessidade, como saúde. A regra é que o aluno deixe esse celular desligado, mutado, na sua mochila ou no estabelecimento que tiver espaço, e ele tenha concentração total na aula. É um projeto muito simples, ele quer resgatar a atenção do aluno, levar esse aluno a prestar atenção na aula”, argumentou o senador, durante a sessão de debates”, pontua Vieira.
O uso do celular nas escolas pode impactar na educação?
Para Andriguetto Júnior, a restrição do uso do celular nas escolas auxilia no desenvolvimento socio-educacional das crianças e adolescentes.
“O excesso de telas tem causado nos alunos problemas somáticos COMO dores nos ombros, nas costas, no pescoço, problemas na coluna vertebral, distúrbios de estômago. Isso é um problema que reflete em sala de aula. Outro tipo de problema, é o emocional. Por exemplo, aumento da ansiedade, do estresse nas crianças. Tem registro de crianças de até 10 anos de idade, chegando na escola com muito medicamento para ansiedade e estresse”, contextualiza o presidente do Sinepe/PR.
Nesse cenário, é preciso que as famílias trabalhem em conjunto com as escolas para diminuírem o tempo de tela e conscientizarem crianças e adolescentes sobre esses riscos da exposição excessiva.
“Estamos vendo crianças com menos atenção, concentração, estão mais agitadas, com problemas de memória de curto prazo, dificuldade de criar, de ter um pensamento crítico, analisar. com visões de mundo já fechadas, o que é completamente prejudicial para a aprendizagem. Quando você restringe o uso do celular dentro da escola, você favorece que as crianças conversem entre si e melhora as relações interpessoais. Mas se a escola não tiver uma aliança com a família, todos nós perderemos”, finaliza Andriguetto Júnior.
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