O maior ataque terrorista contra os Estados Unidos completa 20 anos neste sábado (11). Em 11 de setembro de 2001, dois aviões atingiram as torres gêmeas do World Trade Center, no coração de Nova York, um terceiro colidiu contra o Pentágono e o último caiu na Pensilvânia. Todos os anos o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aborda temas contemporâneos e históricos nas perguntas e na redação. Antecipar temas é fundamental para conseguir uma boa pontuação e em 2021, um desses temas pode ser os 20 anos daquele ataque que mudou o mundo que conhecemos.
Alguns estudantes que vão prestar o Enem neste ano ainda não eram nascidos no fatídico 11 de setembro. Por isso, o candidato precisa compreender seu contexto e consequências geopolíticas, militares e para a segurança da sociedade. Para o professor de História e coordenador editorial do Sistema Positivo de Ensino (SPE), Norton Nicolazzi Júnior, é preciso prestar atenção em alguns aspectos sobre a data.
1. Contexto histórico
Como acontece com todo evento histórico, é preciso entender o cenário em que os fatos estão inseridos. Os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 tiveram raízes, na verdade, em muitas décadas de relações entre os Estados Unidos e vários países do Oriente Médio, como o próprio Afeganistão, a Síria, Israel, Palestina, entre outros. “É importante nos colocarmos no lugar do outro quando se fala de terrorismo. Podemos considerar terrorismo o que o outro faz conosco, mas, por outro lado, talvez ele considere terrorismo aquilo que fazemos com ele”, destaca Nicolazzi. A maneira como os Estados Unidos estabeleceram aliados e inimigos naquela região é vista por muitos como uma maneira de terrorismo, também. Por isso, conhecer a história pré-11 de Setembro é uma dica valiosa.
2. Mudanças subsequentes
O episódio do ataque da al-Qaeda aos EUA não foi o primeiro ato de terrorismo visto no mundo -pelo contrário, o terror é uma ferramenta registrada ao longo de toda a história, mas foi o primeiro a ser transmitido ao vivo pela “Talvez, no futuro, historiadores podem vir a estabelecer aquele episódio como um marco que inaugura um novo período da história humana, assim como a Revolução Francesa inaugurou a Idade Contemporânea”, conjectura o historiador. Depois daquele dia, o medo de novos ataques tomou conta do mundo e é pauta até hoje do planejamento de segurança de quase todos os governos e também de grandes eventos.
3. Evolução e involução
Enquanto, ao longo do século XX, o mundo assistiu a um avanço de pautas como os direitos da mulher, dos negros e dos homossexuais, o 11 de Setembro foi o marco inicial de um período de regressão e ameaça a esses direitos e uma tentativa de justificar essa marcha a ré com argumentos calcados em inúmeros preconceitos. Nicolazzi lembra que “O século XX trouxe a ideia de liberdade para o cotidiano das pessoas, principalmente no mundo ocidental. O atentado de 11/09 estabelece uma ruptura com essa tendência e, nos últimos 20 anos, vemos o avanço da xenofobia, por exemplo, que culmina em posicionamentos extremistas não apenas por parte desses a quem chamamos terroristas, mas também de cidadãos do mundo ocidental”.
4. Reflexão sobre monumentos
Estendendo-se um pouco além do tema do 11/09, Nicolazzi propõe uma reflexão muito atual. Ele convida os candidatos ao Enem a pensar sobre a polêmica dos monumentos históricos rechaçados por parte da população. Hoje, um monumento que lembra os ataques aos EUA faz sentido e tem uma aparente coerência. No entanto, o passar do tempo pode fazer com que as pessoas já não se sintam representadas por ele, assim como vem acontecendo com uma série de monumentos ao redor do mundo que contam certas versões da história. “A derrubada de monumentos históricos demonstra que os atores históricos atuais não se identificam com o viés que esses marcos defendem. Refletir sobre isso e sobre de que forma isso poderia acontecer em relação ao 11/09 também é uma forma de se preparar para o Enem”, alerta.