Diante da informalidade ainda comum no mercado de trabalho, muitos profissionais autônomos ainda desconhecem que podem ter acesso à proteção social oferecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Quem contribui adequadamente tem acesso a benefícios como aposentadoria, auxílio-doença, salário‑maternidade, pensão por morte, entre outros. No entanto, é preciso saber calcular o valor correto da contribuição e qual plano é o mais adequado às suas pretensões.

Beneficiários lesados pelo INSS já podem requerer a devolução dos valores
Contribuição de profissionais autônomos garante uma série de benefícios do INSS (Foto: Reprodução/INSS)

Quem pode contribuir com o INSS

O autônomo, também chamado de contribuinte individual, é qualquer trabalhador que presta serviços sem carteira assinada, para pessoas físicas ou jurídicas, por conta própria. Esses profissionais podem optar por planos diferenciados, conforme seus objetivos de previdência e capacidade financeira. A contribuição é essencial para garantir o status de segurado, condição que possibilita acesso aos benefícios do INSS. Além disso, para quem deseja aposentadoria por tempo de contribuição ou com maior valor, seguir corretamente o que dispõe a legislação trabalhista é fundamental.

Planos de contribuição disponíveis

Entre as opções de contribuição, existem três modalidades principais. Conheça cada uma delas.

Plano Normal (20%) – Contribuinte individual ou facultativo

  • Alíquota de 20% sobre o salário de contribuição, que pode variar entre o piso (salário mínimo) e o teto do INSS. Em 2025, piso é R$ 1.518 e teto R$ 8.157,41.
  • Garante direito à aposentadoria por tempo de contribuição, além de acesso ao CTC (Certidão de Tempo de Contribuição).

Plano Simplificado (11%) – Contribuinte individual sem direito à aposentadoria por tempo

  • Pagamento fixo de 11% sobre o salário mínimo. Em 2025, isso equivale a R$ 166,98 por mês.
  • Permite acesso à aposentadoria apenas por idade e outros benefícios como auxílio-doença, pensão por morte e salário‑maternidade, mas não à aposentadoria por tempo de contribuição.

Plano Baixa Renda (5%) – Facultativo de baixa renda

  • Exclusivo para quem está registrado no CadÚnico, com renda familiar até dois salários mínimos e sem atividade remunerada (ex: donas de casa não remuneradas).
  • Contribuição de 5% sobre o salário mínimo (R$ 75,90 mensais em 2025).
  • Dá acesso apenas à aposentadoria por idade e benefícios assistenciais, sem acesso à aposentadoria por tempo ou CTC.
Fachada do prédio do INSS
INSS oferece diferentes planos de contribuição (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

    Quanto se paga atualmente

    Os valores mínimos de contribuição são calculados levando-se em conta o salário mínimo. Assim, para o valor de R$ 1.518 regulamentado para 2025, a contribuição mínima para cada plano varia de acordo com a seguinte tabela:

    • Plano Normal (20%): R$ 303,60 por mês
    • Plano Simplificado (11%): R$ 166,98 por mês
    • Baixa Renda (5%): R$ 75,90 por mês

    No entanto, se o autônomo optar por contribuir com base em salário superior ao mínimo, até o teto de R$ 8.157,41, o valor a pagar varia proporcionalmente. A contribuição no plano normal, por exemplo, pode chegar a R$ 1.631,48 ao mês (20% do teto).

    Como calcular o valor ideal da contribuição

    Para saber qual o valor ideal para a contribuição autônoma, o profissional deve avaliar o que ele espera receber de benefícios ao se aposentar, entre outras variáveis. Vale lembrar que apenas o plano normal permite diferentes valores de contribuição, que são fixos nas outras modalidades.

    notas de dinheiro e caixa registradora
    Contribuição mensal garante benefícios futuros (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
    • Plano Normal: escolha um valor de contribuição entre R$ 1.518 e R$ 8.157, considerando sua renda habitual. Multiplique por 20%.
    • Plano Simplificado: valor fixo de R$ 166,98 para 2025.
    • Baixa Renda: valor fixo de R$ 75,90.

    Se você fatura cerca de R$ 3.000 por mês, optando pelo plano normal, a contribuição será de R$ 600 (20% de 3.000). É importante lembrar que só o valor efetivamente recolhido conta para o cálculo do benefício, inclusive de aposentadoria.

    Como pagar: guia GPS e prazos

    O pagamento é feito via GPS (Guia da Previdência Social), que o próprio contribuinte preenche pelo site ou aplicativo Meu INSS, ou à mão, informando o código correspondente ao plano escolhido:

    • 1007: contribuinte individual, plano normal (20%)
    • 1163: plano simplificado (11%)
    • 1929: baixa renda (5%)

    O vencimento ocorre até o dia 15 do mês seguinte à competência da contribuição — se cair no fim de semana ou feriado, passa para o próximo dia útil. Também é possível recolher trimestralmente, multiplicando por três o valor mensal e pagando de uma vez até o dia 15 do mês seguinte ao trimestre.

    O pagamento pode ser feito em bancos, casas lotéricas ou via débito automático, conforme negociação com a instituição bancária.

    Benefícios a que o autônomo tem direito

    Quem contribui com 20% dos vencimentos tem uma série de benefícios:

    • Aposentadoria por tempo de contribuição (respeitando idade mínima e regras de transição);
    • Aposentadoria por idade com valor proporcional à contribuição;
    • Auxílio-doença, salário-maternidade, pensão por morte, auxílio-acidente, entre outros.

    Já quem contribui com 11% ou 5% tem acesso aos seguintes benefícios:

    • Permite aposentadoria por idade (65 anos para homens, 62 para mulheres);
    • Outros benefícios previdenciários (auxílio-doença, pensão, etc);
    • Não permite aposentadoria por tempo de contribuição nem emissão de CTC.
    app Meu INSS em celular
    Aplicativo e portal Meu INSS disponibiliza as informações para os beneficiários (Foto: Reprodução/Luís Lima Jr/Estadão Conteúdo)

    Regularização e complemento

    Profissionais que nunca contribuíram ou pararam de pagar podem regularizar retroativamente os últimos 5 anos por meio do portal da Receita Federal ou agências do INSS, apresentando comprovantes de atividade (recibos e extratos).

    Para quem está em plano simplificado ou baixa renda e deseja alcançar aposentadoria por tempo, é possível complementar as contribuições de anos anteriores com a alíquota de 20%, ajustando também o valor do benefício futuro.

    Planejamento previdenciário

    Especialistas orientam que o ideal é manter contribuições regulares, especialmente com o plano de 20%, pois contribuições pequenas podem reduzir a média salarial usada na aposentadoria, por causa do cálculo progressivo implementado após a reforma previdenciária.

    Além disso, ao iniciar como autônomo, inscreva-se no INSS via Meu INSS ou em uma agência, defina seu plano e mantenha o pagamento em dia para não perder o vínculo de segurado — que garante acesso a benefícios como auxílio-doença.

    Contribuir também envolve disciplina: emitir a GPS, escolher uma data fixa (idealmente o débito automático), e revisar anualmente o plano conforme sua renda e objetivos. O caminho para uma aposentadoria segura passa, obrigatoriamente, por escolhas bem informadas e ações consistentes.

    Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui!

    perfil Luciano Balarotti
    Luciano Balarotti

    Repórter

    Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.

    Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.