As transformações tecnológicas já não são mais “o futuro da indústria”, elas acontecem agora, dentro das fábricas e, cada vez mais, dentro das salas de aula. No Paraná, laboratórios equipados com robótica, automação, internet das coisas e sistemas inteligentes têm aproximado estudantes da rotina industrial moderna e suprido uma demanda crescente por profissionais especializados.
Mini-chão de fábrica dentro da sala de aula
No Senai de São José dos Pinhais, alunos vivenciam na prática o conceito de Indústria 4.0. O laboratório reproduz uma linha de produção inteligente em versão compacta, onde é possível operar robôs, sensores e sistemas automatizados idênticos aos utilizados em grandes empresas.
Para muitos estudantes, o acesso a esse ambiente avançado representa uma oportunidade real de evolução profissional. É o caso de Jocimar Machado, 44 anos, soldador em uma fábrica de equipamentos hospitalares. Ele decidiu investir em um curso técnico de robótica para acompanhar o ritmo das mudanças do setor e ampliar suas possibilidades na carreira.
Segundo a técnica de ensino em Robótica do Senai Paraná, Tayssa Dominguez, a plataforma funciona como um “laboratório vivo”, que integra conceitos digitais, automação e simulação industrial.
“Os alunos aprendem com equipamentos iguais aos usados nas empresas, entendendo desde algoritmos de controle até o funcionamento de robôs colaborativos”, explica.
Mercado aquecido e alinhamento com a indústria global
A parceria com empresas multinacionais reforça a relevância da formação técnica. Em uma das empresas visitadas pela equipe do Senai, uma fabricante italiana que atende mercados como Estados Unidos, México e França, robôs realizam tarefas de altíssima precisão, reduzindo riscos e aumentando a produtividade.
Um dos equipamentos é capaz de medir peças com precisão de centésimos, com margem de erro equivalente à espessura de um fio de cabelo. Para Pedro Buzzatto, diretor de operações e engenheiro mecatrônico, a tendência é de expansão: a automação avança e, com ela, cresce o espaço para profissionais qualificados.
Eletromecânica: o profissional que evita prejuízos e mantém a indústria funcionando
Se por um lado as fábricas se tornam cada vez mais tecnológicas, por outro cresce também a necessidade de especialistas capazes de manter as máquinas em pleno funcionamento. Em outro laboratório do Senai, alunos aprendem a operar o alinhador de eixos a laser, equipamento essencial para garantir que motores e máquinas estejam corretamente ajustados.
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O técnico de ensino em Eletromecânica, Ulisses Irineu, explica que dominar o aparelho, que custa cerca de R$ 38 mil, é decisivo para evitar falhas que podem gerar prejuízos milionários. “Um desalinhamento simples pode parar toda uma linha de produção. O técnico precisa ser preciso, rápido e atualizado”, afirma.
Entre os estudantes está Jefferson Luiz de Almeida, 24 anos, que enxergou no curso uma oportunidade para entrar em um mercado em renovação. “Quando eu cheguei no mercado, vi que existem muitos profissionais de alto nível e eu quero ficar no mesmo patamar deles, né? “, afirmou.
Falta de profissionais qualificados preocupa empresas
A modernização da indústria é silenciosa, mas profunda: máquinas conectadas, sensores que funcionam ininterruptamente, processos automatizados e sistemas integrados. No centro dessa engrenagem está o técnico em eletromecânica, profissional que conecta eletrônica, mecânica e automação.
Mas a demanda supera a oferta. O também técnico do Senai, Ismael Oliveira, destaca que há carência de mão de obra especializada. “Sem profissionais preparados, as empresas enfrentam mais paradas inesperadas e queda na produtividade. Esse impacto é direto no caixa”, explica.
Crescimento dentro da própria indústria
Para quem já está no setor, a qualificação abre portas. Keibell Patete, 26 anos, trabalha em uma montadora de carros elétricos e decidiu cursar eletromecânica para se especializar e crescer na empresa. “O mercado mudou, e a gente precisa acompanhar”, afirma.
Segundo os instrutores, a procura por cursos técnicos tem aumentado justamente por causa dessa necessidade urgente do mercado. Para muitos alunos, a formação representa não só estabilidade, mas possibilidades reais de ascensão.
Tecnologia e oportunidades caminham juntas
Com estruturas avançadas, parcerias com a indústria e foco em qualificação prática, o Senai Paraná se consolida como um dos principais polos de formação para a nova era industrial. A combinação entre tecnologia de ponta e mão de obra especializada é vista como o caminho para manter a competitividade e preparar o estado para o futuro da produção.
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Repórter
Jéssica Ibrahin é formada em Jornalismo e pós-graduada em Ciência Política pela UNICAP. Atuou em redações de rádio, TV e portais de notícia, com experiência em entrevistas e reportagens sobre política, cultura e comportamento.
