A escola é a guardiã da cultura do povo negro na comunidade quilombola Adelaide Maria da Trindade Batista, em Palmas, no Sul do Paraná. Cerca de 250 estudantes frequentam as aulas no Colégio Estadual Quilombola Maria Joana Ferreira, que tem uma proposta curricular própria e o desafio de oferecer uma educação de qualidade, aliada à preservação da identidade histórica do quilombo.

Na próxima sexta-feira (22), a escola fará uma exposição para mostrar o trabalho diferenciado. Alunos, professores e funcionários esperam a visita de outras escolas para conhecer os trabalhos pedagógicos, artesanais e culturais desenvolvidos no colégio Maria Joana Ferreira.

Além de celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado nesta quarta-feira (20), a exposição serve para aproximar os visitantes, desmistificar preconceitos em relação à escola e à comunidade e valorizar a resistência do povo negro.

“Fazemos o nosso currículo. Nós somos a escola e ela é o nosso porto seguro. Em todos os conteúdos das disciplinas estão atrelados conceitos das relações etnicorraciais. O nosso trabalho está presente no nosso dia a adia”, destacou a pedagoga Maria Isabel Cabral da Silva.

A chegada da Educação Quilombola contribui para o combate à evasão escolar. Há dois anos, o ensino médio também foi implantado na unidade para que os estudantes tivessem a oportunidade de continuar os estudos dentro da própria comunidade. “Muitos alunos não se identificam com o ensino oferecido nas escolas da região e, por isso, deixavam de estudar. Aqui mostramos outra visão do povo negro, com uma proposta pedagógica de valorização, não apenas como escravo, mas de uma maneira positiva, atual, não esquecendo a história”, contou a pedagoga.

Comunidade

A comunidade Adelaide Maria Trindade Batista recebeu este nome para homenagear a matriarca fundadora e primeira liderança do então quilombo São Sebastião do Rocio. A fundação do quilombo data de 1834, quando negros acompanharam desbravadores para povoar a região de Palmas. No quilombo ainda existem duas outras comunidades: Castorina e Tobias Ferreira.

A comunidade procura preservar sua cultura, que teve algumas modificações com o crescimento urbano de Palmas. “Nós abraçamos a causa, mostramos que o povo não pode ficar na mesmice. Não ficamos indiferentes porque a escola está na comunidade e a comunidade está na escola”, comentou a professora Mara Lúcia da Rosa, que é quilombola.