Com as ocupações, mais de 35 mil alunos da rede pública estão sem aulas. (Foto: UPES/Facebook)

Movimento perdeu força após morte de estudante. Alunos já deixaram alguns colégios espontaneamente

Estudantes que participam das ocupações nos colégios estaduais do Paraná iniciaram uma assembleia na manhã desta quarta-feira (26) para decidir o futuro das manifestações. O encontro acontece no Colégio Estadual Professor Loureiro Fernandes, no bairro Juvevê, em Curitiba. Estudantes do interior do Paraná também devem participar da assembleia, que irá ocorrer ao longo do dia. De acordo com o movimento Ocupa Paraná, 245 escolas confirmaram presença. “O governo deve aguardar os resultados da assembleia e esperamos que acate as pautas a serem levantadas para podermos dar fim a esse impasse”, afirmaram os organizadores.

O ministro da Educação, Mendonça Filho, anunciou que vai cancelar a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nas escolas ocupadas por estudantes em protesto no país, caso não sejam desocupadas até o dia 31 de outubro.

Ocupações

O Paraná, espécie de “epicentro” das ocupações de escolas no Brasil, tinha, até a noite desta terça-feira (25), 851 colégios e 11 universidades invadidas, de acordo com o Movimento Ocupa Paraná. O movimento começou no dia 3 de outubro. 

Na segunda-feira (24), o prédio da reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) também foi ocupado, por cerca de 200 alunos contrários à PEC 241 e à reforma do ensino médio. Já o Governo do Paraná divulgou números diferentes: 792 escolas teriam sido invadidas e 39 já estariam desocupadas.

O número de colégios desocupados inclui a escola Santa Felicidade, onde o estudante Lucas Eduardo Araújo Mota, de 16 anos, foi morto por um colega, após supostamente consumirem drogas, na segunda-feira. A Procuradoria-Geral de Justiça do Paraná designou dois promotores para acompanhar o caso.

No começo da tarde, a diretoria da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes) fez um pronunciamento em que condenou o uso do homicídio para criminalizar o movimento. “Infelizmente, episódios como esses acontecem no Paraná, onde o poder público não consegue promover políticas públicas para os jovens”, disse o vice-presidente da entidade, Marcelo Miranda.

Ele ainda criticou a radicalização de movimentos contrários às ocupações. “Repudiamos as organizações que usam isso (assassinato do jovem) para criminalizar as ocupações no Paraná, a origem do crime não está relacionada às ocupações”, disse. Estudantes farão assembleias nesta quarta-feira, 26 para definir o futuro do movimento.

Enterro

Lucas será enterrado nesta quarta-feira em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. Os pais do jovem apreendido acusado de matar Lucas vão depor na Delegacia de Homicídios.