O Shopping Hauer, conhecido ponto da vida noturna de Curitiba (PR), teve parte de seus empreendimentos vendidos e deve ser substituído por um novo negócio. Os donos dos bares e restaurantes foram informados da negociação e o rompimento do aluguel já está em andamento. 

A negociação, porém, não tem ligação direta com a aglomeração no local em tempos de isolamento social por conta da Covid-19. O Ministério Público do Paraná revelou em nota que não há nenhuma denúncia específica sobre o local depois do início da pandemia do novo coronavírus e que a fiscalização tem sido efetiva.  

“Em relação à pandemia, o Ministério Público do Paraná, por meio da Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba, informa que tem diversas ações referentes à devida fiscalização pelo Município e Estado para coibir aglomerações. Nenhuma, porém, é específica sobre o local citado, podendo ser instaurado procedimento, caso surjam denúncias a esse respeito”, diz o MPPR em nota.

O MPPR afirmou, porém, que o Shopping Hauer é investigado desde 2018, “a partir de representação apresentada pelos moradores e comerciantes do entorno do Shopping Hauer, relativa à perturbação do sossego e poluição sonora causadas pelos frequentadores dos estabelecimentos ali localizados”. Na ocasião, foram instaurados processos individuais para verificar a regularidade de cada um dos empreendimentos.

“Alguns estabelecimentos acabaram tendo o alvará de localização e funcionamento cassado pela Secretaria Municipal do Urbanismo, outros impetraram mandado de segurança junto ao Tribunal de Justiça para garantir a continuidade de seu funcionamento”, afirmou o MP.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas no Paraná (ABRABAR-PR), Fabio Aguayo, confirma que a venda não tem relação com a pandemia e não passa de uma oportunidade de negócio.

Fabio ainda explica que a ABRABAR está disposta a lutar pelos direitos dos trabalhadores que podem ser prejudicados com a venda.

“Muitos compraram o ponto recentemente, investiram, acreditaram no negócio mesmo com a pandemia. Muitas famílias dependem disso, tem muita gente endividada. Vamos tentar administrativamente prorrogar isso, ou brigar judicialmente para que eles possam ter seus direitos reconhecidos”, diz ele.

Ainda não foi anunciado o empreendimento que será construído no local. A parte vendida do estabelecimento deve render cerca de R$ 40 milhões ao proprietário, de acordo com a especulação imobiliária. 

Graças à divisão feita através de um muro que separa o shopping em duas propriedades, somente a parte de cima, que vai da Rua Benjamin Lins e faz esquina com a Av. Coronel Dulcídio, será vendida. A esquina com a Rua Comendador Araújo, conhecida como “parte de baixo”, portanto, deve ser mantida pelos empresários