O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) aumentou na manhã desta segunda-feira (26) o valor da multa para os sindicatos dos trabalhadores e patronal do transporte coletivo da capital para R$ 300 mil por dia, caso não seja cumprida a determinação judicial de circulação da frota mínima do transporte coletivo de Curitiba. O pedido foi feito pelo Ministério Público do Trabalho e assinado pelo desembargador Benedito Xavier da Silva.

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Uma decisão judicial assinada no sábado (24) exigia a manutenção de 70% da frota em operação no horário de pico e 50% nos demais horários, sob pena de multa de R$ 50 mil.

No texto da decisão, o desembargador diz que os sindicatos não têm como alegar que não foram informados da determinação de frota mínima, visto que o assunto foi amplamente divulgado pela imprensa.

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Paralisação

Nenhum ônibus do transporte coletivo saiu das garagens em Curitiba na madrugada desta segunda-feira (26). Com a deflagração da greve, a partir da zero hora, a porta das garagens foi bloqueada pelo sindicato dos motoristas e cobradores, em vários casos utilizando inclusive os ônibus madrugueiros.

A Urbs vai tomar providências jurídicas cabíveis, registrando junto à Justiça o uso de práticas abusivas, como impedir trabalhadores de sair das garagens das empresas e furar pneus de ônibus.

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Transporte alternativo

A Urbs abriu às 6h o cadastramento de veículos particulares para oferta de transporte alternativo. O atendimento é feito na área de Inspeção e Cadastro que fica na bloco ferroviário, na parte interna da Rodoferroviária. Os motoristas interessados devem apresentar documentos pessoais e do veículo que, após uma rápida vistoria recebe um pequeno cartaz com a identificação de veículo autorizado pela Urbs a fazer trasporte de passageiros. O preço autorizado é de R$ 6,00 por passageiro.

De acordo com o órgão que gerencia o transporte coletivo de Curitiba, foram cadastrados até 11h30 da manhã desta segunda-feira (26) 500 veículos para serviço alternativo de transporte. São 376 carros e vans, 112 da Prefeitura, e 12 micro-ônibus.

Eles circulam principalmente pelos bairros Campo Comprido, Centenário, Barreirinha, Cachoeira, Santa Felicidade, Bairro Alto, Boqueirão, Sítio Cercado, Pinheirinho, Fazendinha, CIC, Portão e Uberaba. Ainda há cadastrados transportando população de Piraquara, Quatro Barras, Colombo, São José dos Pinhais, Pinhais, Fazenda Rio Grande e Araucária.

Governo x Prefeitura

Prefeitura culpa Governo por atraso nos repasses

Em nota, a Prefeitura de Curitiba deu a entender que o principal responsável pela greve é o Governo do Estado, que “desde outubro do ano passado, não faz o repasse do subsídio referente ao transporte metropolitano, totalizando uma dívida de R$ 16,5 milhões, sem contar janeiro de 2015” e que “não apresentou nenhuma proposta de pagamento desta dívida e ainda quer reduzir o subsídio metropolitano de R$ 7,5 milhões para R$ 2,3 milhões/mês”, destaca a nota.

Governo acusa URBS por evasão de recursos

Em resposta, o Governo do Estado publicou logo em seguida uma nota rebatendo as acusações da administração municipal de que seja culpado pela situação porque está devendo o repasse do subsídio às empresas desde novembro de 2014. O Governo acusa a URBS de “evasão de recursos da Região Metropolitana” e  “apropriação indébita de valores”, citando a pesquisa de origem e destino de passageiros da RIT (Rede Integrada de Transportes), encomendada pelo Estado à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da Universidade de São Paulo (USP).

Trabalhadores reclamam da briga política

De acordo com o Sindimoc, os motoristas e cobradores reclamam da briga política na qual nenhuma das partes assume a responsabilidade, sobrando o prejuízo para os salários dos funcionários do transporte coletivo, que desde dezembro de 2012 têm tido atrasos recorrentes. Segundo trabalhadores que não quiseram se identificar, com receio das represálias da Urbs e das empresas, “inaceitável é os trabalhadores terem durante dois anos seus salários sendo constantemente atrasados e não poderem fazer greve”.

Além do pagamento dos salários atrasados, os trabalhadores também exigem que as empresas realizem os repasses para a Assistência Médica Ambularial, dinheiro que deveria ser automaticamente descontado das tarifas, mas que diversas empresas do transporte coletivo têm recebido e não repassado, afirma o sindicato. Segundo a 14ª cláusula da convenção, o fundo deve receber R$ 48,30 por empregado. O sistema operado pelo sindicato dos trabalhadores encerrou na semana passada o atendimento com especialistas, e nesta semana foram cortados todos os exames. O sistema realizava, até então, em média, 7,2 mil atendimentos e 1,6 mil exames por mês. As dívidas de cada empresa variam em antiguidade e data. Algumas têm esses valores atrasados há um ano. O montante atrasado de todas as empresas se aproxima de R$ 2 milhoes, comprometendo o sistema.

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