Apenas depois das 4h da manhã os usuários do transporte coletivo de Curitiba e Região metrpolitana devem ter uma definição sobre a circulação dos ônibus. O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região (Sindimoc) afirmou na noite desta quarta-feira que não teve tempo hábil para convocar uma assembléia com a categoria, e o assunto será definido as 4h da madrugada, quando os trabalhadores chegarem às empresas para trabalhar.

Anderson Teixeira, presidente do  Sindimoc, afirma que a tendência é que os cobradores paralizem as atividades. “Mesmo que isso aconteça, nossa intenção é que 100% dos ônibus circulem normalmente. A greve é dos cobradores, e não dos motoristas”, afirmou. Neste caso, a frota circularia com a catraca livre.

Porém, as empresas podem impedir que os ônibus circulem. Segundo a lei municipal 10333/2001, que regulamenta sobre a bilhetagem do transporte coletivo, exige que os veículos circules com a presença de cobradores e motoristas. Anderson Teixeira lembrou ainda que a é contra a lei obrigar que os motoristas desempenhem duplo papel, sendo motoristas e cobradores ao mesmo tempo. No final das contas, a decisão sobre a circulação do transporte coletivo vai cair sobre as empresas que operam o sistema. Para o usuário, a dúvida sobre a circulação dos ônibus permanece.

Representantes do Sindimoc e do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) se reuniram na tarde desta quarta-feira (25) na sede do TRT-PR para uma nova tentativa de conciliação.

A audiência desta quarta-feira (25) trouxe à tona diversos pontos da pauta de reivindicações dos trabalhadores. Entre os pontos abordados estão: a devolução dos valores descontados pelos dias de paralisação na última greve, o fim do assédio moral caracterizado pelas ameaças de punições, o uso de bermudas em dias quentes, a interrupção do desconto dos salários em razão da raspagem de pneus em calçadas, a concessão de vale-cultura e passes livres, a consulta aos trabalhadores nas alterações das escalas de trabalho, a concessão de um kit inverno (peças de vestuário para suportar as baixas temperaturas) e a adoção de medidas para minimizar as más condições de trabalho nas estações-tubo.

Outro ponto discutido foi a possibilidade de criação de uma comissão de trabalhadores, com indicação de representantes sindicais, para acompanhar os processos de aplicação de punição disciplinar pelas empresas de transporte.

Na tentativa de ganhar tempo, Hermínio Brunatto Filho, representante do Setransp, sugeriu que fosse suspendido o indicativo de greve para esta quinta, e uma nova reunião, intermediada pelo Ministério Público do Trabalho, fosse marcada. A desembargadora Ana Carolina Zaina, lembrou ao empresário que os trabalhadores já adiaram a greve uma vez, anunciada primeiramente para a última segunda-feira (23), mas que os sindicatos patronais não trouxeram nenhuma proposta concreta e para a reunião desta tarde e “não houve mudanças nos autos”. A jurista destacou ainda que a greve é um direito do trabalhador. “A constituição assegura a greve para que haja negociação”, ressaltou.

A sessão teve um intervalo de alguns minutos para que as partes tentassem chegar a um acordo, mas diante do impasse, coube a desembargadora apresentar uma lista de propostas de conciliação que contempla toda a pauta de reivindicações dos motoristas e cobradores.

Uma nova audiência foi marcada para a próxima sexta-feira (27), às 13h30, novamente na sede do TRT-PR. Até lá, tendo em vista o indicativo de greve lançado para está quinta-feira, o Sindimocjá havia esclarecido que a frota de ônibus circularia em sua totalidade, uma vez que se trata de paralisação apenas dos cobradores.

Depois da reunião no TRT-PR o Setransp enviou uma nota para a população. Confira abaixo o texto na íntegra:

O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) esclarece que boa parte das reivindicações apresentadas em mesa-redonda nesta quarta-feira (18) pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) não lhe compete nem às empresas, mas aos poderes públicos.

No entanto, naquilo que lhe diz respeito, o Setransp reforçou, durante o encontro, alguns pontos:

– Escalas de trabalho: as empresas respeitam os limites legais e comunicam antecipadamente seus colaboradores, com tempo hábil para que exerçam suas atividades.

– Cobrança: a lei nacional e os instrumentos normativos firmados com o Sindimoc autorizam o ressarcimento ao empregador de dano causado pelo colaborador na hipótese de dolo, não sem antes dar-lhe todas as condições de defesa.

– Não é possível reabertura, como é de conhecimento do Sindimoc, de negociação sobre benefícios já reajustados na data-base, no início deste ano, perante o Tribunal Regional do Trabalho.

– Dupla função: como o tema está em tramitação na Justiça, não cabe ao Setransp comentar.

O Setransp reforça, ainda, que tem o mais significativo interesse de colaborar com o Sindimoc, Comec, Urbs e demais órgãos na busca de uma solução para a segurança no transporte coletivo e se dispõe a participar de ações focadas nesse objetivo.