A greve dos cobradores de ônibus de Curitiba e Região Metropolitana vai continuar nesta sexta-feira (27). Isso é o que garantiu Anderson Teixeira, presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (26) na sede do Sindimoc. Uma nova audiência está marcada para às 13h30 desta sexta-feira (27) no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PR).
Na manhã desta quinta, a Urbs protocolou junto ao TRT-PR um pedido de liminar para suspender a greve, que está sendo realizada apenas pelos cobradores. Nesse caso, os ônibus circulam normalmente, mas os passageiros não pagam tarifa.
Nem mesmo as ameaças de que o Sindicato teria que arcar com as perdas provocadas pela ação grevista, vai impedir os trabalhadores. A Urbs declarou hoje que, após o fim da greve, quando será possível contabilizar os prejuízos, vai enviar um pedido formal à Justiça para que o Sindimoc seja responsabilizado pelos danos financeiros.
De acordo Anderson Teixeira, a justiça negou por duas vezes os pedidos dos patrões para que a greve seja suspença. “Temos todos os amparos jurídicos para manter o movimento e os trabalhadores lamentam essas notas da Urbs e da Setransp. Não queríamos uma nota de repúdio e sim uma proposta a ser avaliada”, afirmou.
O presidente afirmou ainda que os cobradores fizeram queixas formais contra os empregadores. “As 30 empresas que controlam o transporte público também estão ameaçando os trabalhadores”, relatou. De acordo com Teixeira, a greve continuará em esquema de “catraca livre”. “Os motoristas não vão participar da greve”, reiterou.
No mês de maio, 11 capitais do país tiveram greve no transporte coletivo. Na ocasião, Anderson Teixeira afirmou ao Portal Terra que as leis municipais sobre o uso do patrimônio privado são bastante rígidas e poderiam prejudicar os trabalhadores, por isso uma paralisação com “catraca livre” estava descartada.
Porém, na entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira, Teixeira defendeu que o sindicato não pode mais deixar os trabalhadores e a população reféns das empresas de transporte coletivo. “Nós explicamos para os funcionários, em assembleia, que o sindicato, junto com um corpo jurídico, ficaria à frente para garantir que os direitos deles fossem respeitados”, disse.
De acordo com presidente do Setransp, que representa as empresas, Maurício Gulin, o prejuízo diário com a “catraca livre” é de aproximadamente R$ 3,5 milhões. O cálculo leva em conta a média diária de passageiros pagantes.
Gulin considera a greve como “irresponsável” e “ilegal” e afirma que ainda não ficou claro para as empresas quais os motivos da paralisação dos cobradores. “Com a greve de março tivemos um acordo coletivo assinado e homologado. Não restaram cláusulas a serem questionadas. E depois sempre estamos abertos a diálogos para tentar melhorar o transporte público de Curitiba e região metropolitana de uma maneira geral”, declarou.
O presidente do Setransp disse que representantes do sindicato patronal estão em assembleia desde a manhã desta quinta discutindo propostas para as principais reivindicações da categoria trabalhista. Essas propostas serão apresentadas na reunião de conciliação que acontece na tarde desta sexta-feira na sede do TRT-PR.
Assista na reportagem do RIC Notícias como foi o primeiro dia de catraca livre na Grande Curitiba: