Bombeiros usam água bombeada do mar e espuma específica para fogo em combustível. Dois tanques ainda estão em chamas

Já dura cinco dias o incêndio nos tanques de combustível da empresa Ultracargo, em Santos, no litoral sul de São Paulo. Depois de mais de 80 horas de trabalhos ininterruptos do Corpo de Bombeiros, dois tanques ainda estão em chamas. O incêndio começou na quinta-feira (02) e atingiu seis tanques.

Na madrugada deste domingo (05), as equipes de combate ao fogo conseguiram conter as chamas em um dos tanques, na área industrial da Alemoa. A estratégia de resfriamento constante da área é mantida pelos bombeiros, que utilizam água  e uma espuma especial. A água usada na operação é retirada do mar pela embarcação Governador Fleury e transferida aos caminhões tanques. Segundo a Ultracargo, nesta manhã sete rebocadores atuam no combate às chamas.

No sábado (04), o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), informou que entrou em contato com o vice-presidente Michel Temer e pediu ajuda ao governo federal e também à Petrobras. A estatal enviou caminhões com uma espuma específica para combater incêndio em combustível. Os tanques atingidos pelo fogo armazenam etanol e gasolina.

O governo de São Paulo montou um gabinete para gerenciar a crise em Santos, com participação do vice-governador, Márcio França; os secretários Saulo de Castro (Governo), José Roberto Rodrigues de Oliveira (Casa Militar), Alexandre de Moraes (Segurança Pública) e Patrícia Iglecias (Meio Ambiente); o comandante do Corpo de Bombeiros, Marco Aurélio Alves Pinto; o subsecretário de Comunicação, Marcio Aith; o prefeito Paulo Alexandre Barbosa, além das Secretarias Municipais de Segurança, Defesa Civil, Meio Ambiente e Saúde. Exército, Marinha e Aeronáutica também apoiam a ação.

“Não há necessidade de remoção dos moradores da área, a população pode ficar tranquila porque a evolução está sendo positiva. Se houver necessidade, estamos preparados para qualquer situação de emergência.”, disse o prefeito de Santos. O tucano ainda comentou sobre os efeitos da fumaça produzida pela queima dos combustíveis, situação que é monitorada pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB). “Não há registro de prejuízos à saúde da população”, garantiu.

Moradores de bairros próximo, principalmente de Piratininga e São Manoel, estão recebendo visitas e avisos oficiais por telefone sobre uma possível evacuação. A Prefeitura afirma que está preparada para a situação, com base na legislação que obriga o Poder Público a ter um plano de emergência, que pode ser acionado quando necessário.

O pátio tem 58 tanques, que armazenam etanol, gasolina, óleo diesel, solventes, óleos vegetais, fertilizantes líquidos e outros produtos químicos. Além do combate ao fogo, as equipes estão fazendo a inertização do conteúdo de alguns tonéis e transferindo o que está armazenado na área para outros locais. A Ultragargo é proprietária de 175 tanques espalhados pela região de Santos.

Meio Ambiente

Na última sexta-feira (03), a Cetesb informou que foram registradas mortes de peixes no canal do estuário da Alemoa, mas a companhia minimizou o incidente e não explicou os motivos. Segundo a Prefeitura de Santos, a situação está em análise e dentro de 30 horas um laudo deveria ser emitido. A população foi orientada a não consumir os pescados.

Para Antônio Carlos Vendrame, professor, engenheiro e especialista em segurança no trabalho, saúde e meio ambiente, o maior risco para o meio ambiente está em um possível vazamento do combustível para o solo. “A coluna de fumaça assusta porque é grande e escura, mas a quantidade de oxigênio na atmosfera e na Serra do Mar é muito maior. O alerta é necessário para a possibilidade de vazamento do combustível no solo. Essa sim seria uma catástrofe”, explica o especialista.

Multa

A secretária estadual do Meio Ambiente, Patrícia Iglecias, esteve no local do incêndio no sábado (04) e falou sobre as possíveis penas à Ultracargo. “Existe uma legislação estadual. E também é possível aplicar o Decreto Federal nº 6.514. A multa chegaria a R$ 50 milhões, mas a aplicação depende de uma análise mais detalhada”, diz.