Dados do Sisvan-Escolar revelam pequenas variações no período 2013-2015, o que pode indicar uma tendência de estabilização

O índice de obesidade entre alunos da rede municipal vem se mantendo estável em Curitiba. Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Escolar (Sisvan-Escolar) revelam pequenas variações no período 2013-2015, o que pode indicar uma tendência de estabilização. O tema é objeto de ações conjuntas entre as secretarias municipais da Saúde da Educação, no sentido de conscientizar as famílias sobre a importância de praticar atividades físicas e de alimentar-se de forma saudável.

Em 2015, o índice apurado pelo Sisvan-Escolar é de 15,66%, porcentagem de alunos avaliados considerados obesos. Isso representa um retorno ao patamar de 2013 (que foi de 15,50%), depois de uma leve redução em 2014, quando o índice foi de 14,77%.

Os responsáveis pelo estudo observam que nem a queda revelada no ano passado nem a leve alta deste ano devem ser vistos isoladamente. “Entendemos como bastante positiva a queda na prevalência de excesso de peso verificada no ano passado. Mas para se estabelecer uma tendência real, seria preciso uma série histórica envolvendo um período maior de análise de dados. Com as novas informações, podemos sugerir que, no momento atual, há uma tendência de estabilidade do indicador”, afirma a nutricionista Ângela Lucas de Oliveira, da Coordenação do Cuidado do Departamento de Atenção Primária à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde.

Diante do aumento do índice de obesidade entre toda a população, um problema de saúde pública que vem sendo encarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma epidemia global, a Prefeitura de Curitiba tem investido em ações para conscientizar crianças, jovens, adultos e idosos sobre a importância de ter uma vida saudável. Entre as iniciativas estão a implantação de mais academias ao ar livre, a ampliação do Programa Saúde na Escola e a presença de nutricionistas e educadores físicos nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) e o suporte que dão às unidades básicas de saúde.

“Apesar dos esforços intersetoriais que temos feito no Município, quando falamos do perfil nutricional da população, é muito difícil avaliar a eficiência de cada projeto isoladamente por envolver hábitos individuais. Para que o trabalho de conscientização dos alunos feito em uma escola seja efetivo, por exemplo, é preciso que a família também esteja envolvida e pratique isso em casa”, afirma Ângela. A nutricionista destaca ainda o desafio de mudar uma cultura enraizada na população diante de alimentos industrializados e de fácil aquisição, como bolachas recheadas e refrigerantes, e atividades de lazer cada vez mais estáticas, como passar grande tempo na frente da televisão e do computador.

O Sisvan-Escolar é uma parceria das secretarias municipais da Educação e da Saúde existente desde 1996. Os dados antropométricos são coletados pelas equipes de Educação Física de cada escola e analisados pela Secretaria da Saúde. A partir do monitoramento do perfil nutricional dos alunos são traçadas medidas para enfrentar situações ligadas principalmente à desnutrição e à obesidade. Neste ano, foram avaliados 92.269 alunos de 181 escolas da rede municipal de ensino.

Escolas

Os dados foram apresentados na última quarta-feira (5) a cerca de 100 profissionais de Educação Física da rede municipal de ensino para serem analisados e usados como base para que as equipes pedagógicas deem continuidade a ações em prol da qualidade de vida dos alunos.

O estímulo à boa alimentação, à prática de atividades físicas e o desenvolvimento de ações em educação nutricional e saúde são orientações dadas pela Secretaria de Educação. As escolas municipais de Curitiba contam com o apoio de nutricionistas que supervisionam o cardápio oferecido aos alunos. “Quanto mais cedo se aprende hábitos alimentares saudáveis, maiores as chances de que permaneçam durante toda a vida”, explica Liziane Rodrigues, da Gerência de Alimentação da Secretaria Municipal de Educação.

Durante o encontro, os educadores apresentaram iniciativas positivas de educação nutricional desenvolvidas na rede municipal. A conscientização dos alunos para a prática de exercícios e alimentação saudável é uma constante em diversas escolas. Na Escola Municipal Paulo Freire, no Bairro Novo, por exemplo, o projeto “Incentivo à atividade física no combate à obesidade” busca oferecer melhor qualidade de vida aos estudantes desde 2009. Entre as atividades desenvolvidas estão exercícios aeróbios e palestras para envolver familiares no processo. “Esse tipo de prática é um investimento na formação e no desenvolvimento pleno das crianças, ofertando hábitos saudáveis de atividade física”, afirma o educador físico Éder Antônio Moreira.

Na Escola Municipal Joaquim Távora, na CIC, a professora Lilian Messias Sampaio também incentiva a atividade física em benefício de uma vida mais saudável. Doutoranda no assunto, ela alerta sobre a importância da promoção de aulas e atividades extracurriculares que orientem os alunos a respeito dos fatores de risco atrelados à saúde da criança e do adolescente. “A intervenção tem de ser feita nessa faixa etária. Só terei um adulto saudável se existir um trabalho efetivo de atividade física voltada à saúde durante a infância”, diz.