A Constituição Federal de 1988 garantiu, no artigo 5º, que todos têm acesso à Justiça para proteger seus direitos. No entanto, apesar de ser um direito fundamental, o acesso à Justiça no Brasil ainda enfrenta grandes desafios. A desigualdade social, a complexidade do sistema jurídico e a falta de recursos dificultam que muitas pessoas, especialmente as mais vulneráveis, busquem seus direitos de forma plena.

estatua de justiça em frente a bandeira do brasil
A Constituição de 1988, garante o direito de acesso à Justiça (Foto: Ilustração/Pixabay)

Entretanto, o páis tem avançado em algumas áreas nos últimos anos, com a criação de mecanismos como a gratuidade da Justiça, os juizados especiais e a digitalização de processos. Essas iniciativas visam garantir que todos, independentemente de sua condição financeira ou social, possam acessar a Justiça de maneira eficaz e célere.

A princípio, o acesso à Justiça é a capacidade que o cidadão tem de recorrer ao sistema judicial para resolver conflitos, defender seus direitos ou obter reparação por danos. Esse acesso é um dos pilares de um Estado democrático de direito, pois garante que todas as pessoas, independentemente de sua classe social, raça ou condição econômica, possam usufruir das garantias previstas na Constituição.

No Brasil, o direito de acesso à Justiça é reconhecido e garantido pela Constituição de 1988, que assegura que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.” Isso significa que qualquer pessoa pode recorrer ao Judiciário sempre que seus direitos forem violados ou ameaçados. Contudo, para que isso se torne uma realidade, é preciso que o sistema judicial seja acessível, eficaz e eficiente.

As barreiras do acesso à Justiça no Brasil

Apesar da garantia constitucional, o Brasil enfrenta várias barreiras que dificultam o pleno acesso à Justiça. Essas barreiras podem ser econômicas, sociais, culturais e tecnológicas, impactando diretamente a capacidade de uma pessoa buscar a proteção de seus direitos.

A principal barreira ao acesso à Justiça no Brasil é a desigualdade social e econômica. De acordo com o IBGE, uma grande parte da população brasileira vive em situação de vulnerabilidade, o que dificulta o acesso a serviços essenciais, incluindo os jurídicos. Muitas pessoas não têm recursos suficientes para contratar um advogado ou pagar as custas de um processo judicial, o que as impede de acessar a Justiça.

A desigualdade também se reflete na educação. Muitas pessoas, especialmente nas classes sociais mais baixas, não têm o conhecimento necessário para entender como o sistema judicial funciona, o que pode levar à falta de confiança e à exclusão do processo jurídico.

O sistema jurídico brasileiro é altamente complexo, com uma infinidade de normas, procedimentos e instâncias judiciais. Para alguém sem conhecimento jurídico, navegar por esse sistema pode ser um grande desafio. Processos judiciais muitas vezes são demorados e exigem um grande número de etapas, o que torna difícil para muitos cidadãos entenderem seus direitos e saberem como lutar por eles.

Além disso, a sobrecarga de processos nos tribunais, especialmente nas esferas estaduais e federais, agrava ainda mais a situação. Os atrasos judiciais são comuns, e muitas vezes as pessoas esperam anos para ter seus casos resolvidos.

Por fim, a falta de acesso à informação também é um obstáculo significativo. Muitas pessoas não sabem onde buscar ajuda jurídica, como entrar com uma ação ou quais são os seus direitos em determinadas situações. A dificuldade em acessar informações jurídicas pode ser uma barreira invisível, mas impacta profundamente aqueles que mais precisam de assistência legal.

Avanços no acesso à Justiça

Apesar dos desafios, o Brasil tem avançado em algumas áreas para melhorar o acesso à Justiça. Vários mecanismos foram criados para tentar eliminar ou reduzir as barreiras que impedem que grande parte da população busque os seus direitos.

A gratuidade da Justiça é um dos instrumentos mais importantes para garantir o acesso à Justiça às pessoas de baixa renda. A Constituição assegura que ninguém será privado de seus direitos por não poder pagar as custas de um processo, sendo o Estado responsável por custear a assistência jurídica.

A Lei nº 1.060/1950, que regulamenta a concessão da gratuidade da Justiça, prevê que qualquer pessoa que declare não possuir recursos suficientes pode ter direito à isenção de custas processuais e honorários advocatícios. Além disso, a Defensoria Pública tem um papel fundamental nesse processo, pois oferece serviços jurídicos gratuitos àqueles que não podem pagar um advogado particular.

Os Juizados Especiais, criados pela Lei nº 9.099/1995, têm como objetivo simplificar o acesso à Justiça, especialmente para questões de menor complexidade, como pequenas causas e disputas entre consumidores e empresas. O funcionamento mais ágil e menos burocrático dos Juizados Especiais facilita que pessoas sem recursos financeiros ou conhecimento jurídico possam buscar a solução de conflitos de forma mais rápida e eficiente.

Esses juizados têm competência para julgar causas de até 40 salários mínimos e oferecem um procedimento mais informal, sem a necessidade de advogado para causas de até 20 salários mínimos. Isso permite que muitas pessoas, que de outra forma não teriam condições de pagar um processo judicial, possam ter seus direitos reconhecidos.

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Mariana Gomes

Repórter

Formada em Jornalismo pela PUCPR, especialista na área de Esportes, Cultura e Segurança, além de assuntos virais da internet e trends das redes sociais.

Formada em Jornalismo pela PUCPR, especialista na área de Esportes, Cultura e Segurança, além de assuntos virais da internet e trends das redes sociais.