Curitiba - O caminhoneiro Nilson Pedro dos Santos, que provocou uma série de acidentes na BR-376, entre Ponta Grossa e Curitiba, em janeiro de 2023, foi condenado a pouco mais de dois anos de prisão pelo Tribunal do Júri, em julgamento encerrado na madrugada desta terça-feira (20). No entanto, como ele já cumpriu a pena, ele será liberado da prisão nas próximas horas.

Ele foi acusado de 16 tentativas de homicídio por dirigir de maneira arriscada e atingir ao menos 18 veículos ao longo do trajeto entre Ponta Grossa e Curitiba, o que poderia resultar em uma pena de até 68 anos de prisão. No entanto, os jurados aceitaram a tese da defesa do caminhoneiro, desconsiderando as tentativas de homicídio e decidindo que o réu era culpado apenas por lesões corporais contra as vítimas da série de colisões.
Defesa celebra resultado de julgamento
A decisão dos jurados saiu após cerca de 17 horas de julgamento, com depoimentos de 20 testemunhas, e agradou à defesa do réu. “Foi um julgamento longo, até por conta da complexidade do caso, porque eram vários fatos. Acreditamos que a justiça foi feita e que a sociedade de Curitiba mais uma vez mostra que neste plenário é feito justiça. Sairemos com nosso cliente pela porta da frente do plenário do Tribunal do Júri”, afirmou o advogado Rafael Mendes, um dos defensores de Nilson.
O réu se emocionou e se ajoelhou ao ouvir a sentença, que o condenou a dois anos e três meses de prisão. Entretanto, como ele está preso desde o dia dos acidentes, há mais de dois anos e quatro meses, a pena já foi cumprida. Assim, ele receberá o alvará de soltura provavelmente ainda nesta terça-feira.

Promotor destaca julgamento em “mês emblemático”
O promotor do caso, Alexandre Ramalho de Faria, afirmou que o Ministério Público avaliará com calma a sentença antes de decidir se recorrerá. Ele destacou que o julgamento foi emblemático, já que aconteceu exatamente durante o Maio Amarelo, mês da prevenção a acidentes de trânsito.
“Houve a desclassificação, é verdade, em relação ao pedido do Ministério Público, que era condenação por tentativa de homicídio. Entendeu-se pela desclassificação por lesão corporal e ele foi condenado ainda por embriaguez ao volante e exposição a perigo. Mas de certa forma, fez-se justiça e houve uma resposta da sociedade. Coincidentemente o julgamento foi durante o Maio Amarelo, que é justamente o mês de campanhas de conscientização. Então, é uma contribuição da sociedade para que esse tipo de situação não fique impune”, destacou.
Caminhoneiro dirigia sob efeito de drogas no dia dos acidentes
Nilson foi preso em flagrante após ser abordado por agentes da Guarda Municipal de Curitiba, em uma rua da Cidade Industrial de Curitiba. Ele fugiu até o local após ser perseguido por equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Militar do Paraná (PMPR) depois de colidir com ao menos 18 veículos na viagem de Ponta Grossa a Curitiba e também em ruas da capital.

Detido por embriaguez ao volante e direção perigosa, o caminhoneiro foi submetido ao teste do bafômetro, que resultou em 0,14 mg/l. O que comprovou que ele dirigia sob efeito de bebidas alcoólicas. Após ser preso, Nilson contou em depoimento que estava há três dias sem dormir. De acordo com o seu relato, ele tinha vindo de Embu das Artes (SP) a Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, com a carga de engradados de cerveja vazios, e voltaria com elas para Embu.
Caminhoneiro relatou ser alvo de um suposto assalto
Ainda com falas desconexas, ele disse em interrogatório à delegada Vanessa Alice, da Delegacia de Delitos de Trânsito de Curitiba (Dedetran), que chegou a Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, por volta das 22h de sexta-feira (13 de janeiro de 2023). E então consumiu duas garrafas de cerveja, rebite ( que é uma mistura usada por motoristas para se manterem acordados) e cocaína. O uso da droga foi confirmado posteriormente pelos resultados do exame toxicológico a que ele foi submetido.

Para justificar a “corrida alucinada” ao longo da BR-376 e pelas ruas de Curitiba, o caminhoneiro afirmou então ter sido alertado por outro motorista que havia dois homens em cima da carreta dele. Acreditando que seria um assalto, Nilson disse à delegada que saiu fazendo manobras, na tentativa de derrubar os supostos assaltantes da carreta.
Câmeras de segurança registraram série de acidentes:
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