Um grupo de parlamentares contrários ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai redigir um documento pedindo a saída do peemedebista do comando da Casa. O manifesto será apresentado assim que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente a denúncia contra Cunha ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve denunciar Cunha e o ex-presidente da República, senador Fernando Collor (PTB-AL), por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras investigado na Operação Lava Jato. A informação foi confirmada na tarde desta quarta-feira (19) por fonte com acesso às investigações. A denúncia deve ser feita ainda nesta quinta-feira (20).
“Sou favorável que ele se afaste tão logo a denúncia seja feita”, disse a deputada Eliziane Gama (PPS-MA). Doze deputados do PSB, PSC, PSOL, PPS e PT reuniram-se por mais de uma hora para tratar do assunto. “Percebo que a manutenção de Eduardo Cunha na presidência da Câmara pode ser ruim para a Casa”, afirmou a deputada Maria do Rosário (PT-RS).
Caso o STF acate a denúncia contra Collor e Cunha, o PSOL promete ir além, ingressando com uma representação no Conselho de Ética da Câmara solicitando a cassação do presidente da Casa por quebra de decoro parlamentar.
Na primeira reunião da CPI da Petrobras após a apresentação da denúncia, os deputados farão pressão para que a comissão convoque Cunha e o lobista Julio Camargo, que acusou o peemedebista de cobrar propina de US$ 5 milhões no esquema.
“Eduardo Cunha está fragilizado. A denúncia fragiliza a lógica de Cunha de se defender atacando o governo. Essa tática cansou”, afirmou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Para o deputado, ele tem que se afastar do cargo para não interferir nas investigações. “Ele tem poder de atrapalhar as investigações”, disse Valente.
“Cunha queimou os navios. Não tem mais como ele se recompor com a Dilma”, diz o deputado Marcos Pestana (PSDB-MG). Questionado sobre uma eventual condenação de Cunha, ele disse que o deputado ainda não foi condenado.