Ao chegar ao Tribunal do Júri para acompanhar o julgamento do médico Raphael Suss Marques, acusado do assassinato da fisiculturista Renata Muggiati, em Curitiba, a irmã da vítima, Tina Gabriel, desabafou sobre os quase oito anos de espera pelo desfecho do caso. Visivelmente abalada, ela disse esperar que a justiça seja feita, mas que nada irá mudar o luto da família.

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“É um sentimento muito ruim né, a gente não tem prática de júri. A gente tem certeza da condenação, sei que é certo, é consequência de um ato que ele fez. O que a gente espera de verdade é que a Justiça seja bem firme, dê uma pena exemplar para demonstrar para a sociedade, principalmente para a sociedade paranaense, que feminicídio é um crime muito cruel e que ninguém mais suporta esse tipo de crime. É uma covardia extrema [contra] uma mulher, que o erro dela foi amar o seu algoz. A única coisa que espero mesmo é que a justiça represente a minha irmã e dê uma pena exemplar pro algoz dela”, afirmou.

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A irmã da fisiculturista relatou que preferiu ser a familiar mais próxima a acompanhar o julgamento, preservando sua mãe das fortes emoções que serão vividas ao longo dos depoimentos.

“Eu poupei minha mãe desse sofrimento, acho que e a minha mãe não merece saber nem da metade do que minha irmã passou, é muito sofrimento, ela sofreu muito na mão dele, ele foi muito cruel com ela e eu poupei minha mãe desse sofrimento”, declarou.

Tina também falou sobre a importância de que todas as pessoas prestem atenção aos mínimos sinais que caracterizem relacionamentos abusivos.

“Ninguém [da família] soube do que ela estava passando. A única pessoa que soube foi um advogado que ela procurou uma semana antes de morrer. Ela mandou foto dela agredida, deu o nome e o sobrenome do agressor, e ele instruiu que ela fizesse um B.O., que é o que deve ser feito nesses casos. Mas não deu tempo porque ela morreu uma semana depois. Em 2015 nós não tínhamos tanta informação quanto temos hoje, então eu acho que o que cabe às mulheres e aos homens, que também têm um papel importante no combate à violência doméstica, é que em briga de casal tem que se meter a colher sim. As mulheres têm que se informar, as meninas, as moças, não têm porque suportar, o ciúme não é uma demonstração de amor, é uma demosntraão de posse, então, por favor, saiam [desse tipo de relacionamento]”, relatou.

A irmã da fisiculturista também falou sobre a longa espera pelo julgamento e a tristeza da família ao longo de todo o processo.

“A sensação é de que demorou muito né, a gente está nesse velório há quase oito anos, então a tristeza permanece. Hoje eu não estou feliz, eu preferia não estar aqui. Eu preferia que minha irmã estivesse viva. É muito sofrimento, contato com promotor, com juiz, com advogado, os recursos, os adiamentos. Mas eu não faria diferente pela minha irmã e cabe a nós demonstrar para a sociedade o que é a violência doméstica. Eu tenho um plano futuro de fazer a ressocialização dos agressores, [cortar] o mal pela raiz, e eu vou conseguir “, complementou, antes de entrar no Tribunal para acompanhar o início do julgamento.

perfil Luciano Balarotti
Luciano Balarotti

Repórter

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.