Em 2015 já foram notificados 1.248 casos da doença no País. Há casos confirmados em mais de 300 cidades de 13 estados

O Ministério da Saúde está avaliando a possibilidade de se distribuir repelentes para gestantes como estratégia para tentar conter o avanço da epidemia de bebês com microcefalia no Brasil. A medida ainda não é consenso, mas o ministro da Saúde, Marcelo Castro, admitiu a discussão da hipótese ao jornal O Estado de S.Paulo. “Estamos avaliando todas as possibilidades”, disse.

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A distribuição de telas de proteção para as casa é outra medida avaliada pela equipe do governo. Castro disse que, a exemplo da distribuição dos repelentes, ainda não há um consenso sobre o assunto. “Por enquanto, recomendamos o uso. A distribuição, se acertada, será numa outra etapa”, completou.

Dentro do ministério, há resistências para a adoção da medidas, em razão do seu alcance limitado e pela polêmica que a atitude poderá provocar. Não há garantias de que gestantes de fato usarão o repelente. O raciocínio é o mesmo para telas de proteção. Para que haja resultados efetivos, seria preciso que a gestante adotasse outras medidas em conjunto.

Críticos da proposta afirmam que as duas medidas poderiam enfraquecer a principal mensagem do governo que é tentar reduzir o número de criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor do zika vírus, da dengue e da febre chikungunya. Levantamento feito pelo Ministério da Saúde mostra que, dentre 1.792 municípios, quase 50% (864) estão em situação de alerta e de risco para as doenças, em razão do alto número de focos do mosquito.

Defensores da proposta, por sua vez, afirmam que todos os mecanismos de contenção da doença devem ser usados, mesmo que de alcance limitado. Um dos argumentos usados é o de que a distribuição, em vez de desmobilizar, reforçaria a mensagem de que a situação é grave e que todas as medidas devem ser adotadas para conter o avanço da microcefalia.

Doença

A má-formação, considerada rara, teve aumento alarmante neste ano. Até sexta-feira (27), foram notificados 1.248 casos da doença. Além da explosão do número de casos, a síndrome se alastra numa velocidade que impressiona governo e autoridades sanitárias.

Já há registros de casos em 302 municípios, de 13 Estados e no Distrito Federal. O problema, que na primeira semana estava restrito a Estados do Nordeste, já atinge a região Centro-Oeste e o Rio de Janeiro, que tem 13 casos registrados. Além disso, foram notificadas sete mortes causadas pelo zika vírus, duas delas confirmadas.

Por enquanto, o governo sugere que mulheres se protejam contra picada do mosquito usando repelentes, protegendo suas casas com telas e usando roupas de mangas longas – algo de difícil execução, sobretudo diante das altas temperaturas do estado do Nordeste.