O juiz federal Eduardo Appio, conhecido por suas críticas à Operação Lava Jato e às atuações do ex-juiz Sérgio Moro e do ex-procurador da República Deltan Dallagnol, é alvo de uma ocorrência policial inusitada em Santa Catarina. Segundo o Estadão, ele é investigado por uma suposta tentativa de furto de três garrafas de champanhe francesa Möet & Chandon em um supermercado de Blumenau.

O caso ocorreu na quarta-feira (22). De acordo com a reportagem, câmeras de segurança do estabelecimento teriam flagrado a ação. Cada garrafa pode custar até R$ 500.
Em contato com o Estadão, Appio afirmou: “Não sei de nada. Meu advogado vai explicar esse mal-entendido.”
A Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), sediado em Porto Alegre, deve conduzir um procedimento disciplinar para apurar o caso. Em nota, o TRF4 informou que “não se manifestará por ora”. A Polícia Civil de Santa Catarina também comunicou o tribunal sobre a ocorrência e afirmou que os “procedimentos cabíveis serão feitos, mas sob sigilo por se tratar de magistrado”.
Trajetória e críticas à Lava Jato
Eduardo Appio ganhou notoriedade ao assumir, em 2023, a 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba — a mesma cadeira antes ocupada por Sérgio Moro, hoje senador. Ele herdou processos remanescentes da Lava Jato e, desde então, se tornou um dos principais críticos da operação.
Em seu livro Tudo por dinheiro: a ganância da Lava Jato, Appio relata bastidores da Justiça Federal e acusa antigos colegas de transformar o tribunal em uma “verdadeira rede, quase como uma organização criminosa”. O magistrado também dedicou um capítulo inteiro a Moro, intitulado “Como Moro politizou o Judiciário”, no qual critica sua gestão e decisões.
Ao Estadão, Moro rebateu as acusações na época do lançamento da obra, afirmando que as opiniões de Appio “não têm credibilidade” e que o juiz apresenta “um comportamento extravagante que revela no mínimo falta de caráter e desequilíbrio mental”.
Investigação sob sigilo
A Polícia Civil de Santa Catarina informou ao Estadão que o caso segue em investigação e que os detalhes permanecem sob sigilo, por envolver um magistrado.
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