Ainda desconhecida por boa parte da população, a sigla PcD significa Pessoa com Deficiência. Ela é também uma classificação legal utilizada para identificar cidadãos que possuem limitações físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais de longo prazo e que, ao interagirem com diversas barreiras sociais e estruturais, podem ter restringida sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. A definição é estabelecida pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência.

Segundo a legislação brasileira, a condição de deficiência deve ser avaliada por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, considerando fatores como impedimentos nas funções do corpo, a natureza e o grau da deficiência, além do contexto social e ambiental em que a pessoa vive. Essa abordagem vai além do diagnóstico clínico e procura compreender como as limitações afetam a vida cotidiana do indivíduo.
Classificações de deficiência
De acordo com a legislação e a Organização Mundial da Saúde (OMS), as deficiências podem ser classificadas em cinco categorias principais:
- Deficiência física: alterações completas ou parciais de um ou mais segmentos do corpo humano, afetando a mobilidade. Exemplos incluem paralisia, amputações, nanismo, entre outros.
- Deficiência auditiva: perda total ou parcial da capacidade de ouvir, variando em grau e tipo (leve, moderada, severa ou profunda). Pode ser unilateral ou bilateral.
- Deficiência visual: perda total ou parcial da visão, não corrigível com o uso de lentes convencionais. Inclui cegueira e baixa visão.
- Deficiência intelectual: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com limitações em habilidades adaptativas, como comunicação, cuidado pessoal e habilidades sociais.
- Deficiência múltipla: associação de duas ou mais deficiências, podendo incluir qualquer combinação das quatro categorias definidas pela OMS
No entanto, é importante destacar que nem toda limitação física ou de saúde configura uma deficiência nos termos da lei. O fator determinante é o impacto funcional e social causado por essa limitação.
Quais os direitos das pessoas com deficiência?

A legislação brasileira garante uma série de benefícios e direitos sociais às pessoas com deficiência, com o objetivo de promover a igualdade de oportunidades, a autonomia e a inclusão social. Entre os principais, estão:
Isenção de impostos para compra de veículos
PcDs têm direito à isenção de impostos na compra de veículos adaptados ou comuns, dependendo do tipo de deficiência. Os tributos que podem ser isentos são o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), este último variando conforme a legislação estadual.
Passe livre no transporte público
Pessoas com deficiência e baixa renda podem ter direito ao passe livre interestadual, garantindo viagens gratuitas em ônibus, trens ou embarcações do transporte coletivo interestadual. Em nível municipal e estadual, diversas cidades oferecem gratuidade ou desconto no transporte público urbano. O benefício, no entanto, depende de regulamentações locais.
Aposentadoria e Benefício de Prestação Continuada
O Benefício de Prestação Continuada (BPC), previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), garante um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência de qualquer idade que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção, nem de tê-la provida por sua família.
No campo previdenciário, pessoas com deficiência que contribuem ao INSS têm direito a aposentadoria especial, com tempo de contribuição reduzido e sem a necessidade de idade mínima, dependendo do grau de deficiência (leve, moderada ou grave).
Cotas em concursos públicos e vestibulares
A Lei nº 8.112/90 e o Decreto nº 9.508/2018 determinam que, nos concursos públicos, deve haver reserva de no mínimo 5% das vagas para candidatos com deficiência, desde que sejam compatíveis com as atribuições do cargo.
Na área da educação, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e políticas institucionais de universidades e institutos federais também preveem cotas para PcDs em processos seletivos, como o Enem e vestibulares, reforçando o princípio da equidade no acesso à educação superior.

Prioridade no atendimento e acessibilidade
PcDs têm direito a atendimento prioritário em repartições públicas, hospitais, bancos e serviços diversos. A legislação também determina que todos os espaços públicos e privados de uso coletivo devem ser acessíveis, tanto fisicamente (rampas, banheiros adaptados, sinalização em braille) quanto digitalmente (sites e aplicativos acessíveis).
Inclusão no mercado de trabalho
A Lei de Cotas (Lei nº 8.213/91) obriga empresas com mais de 100 funcionários a destinar de 2% a 5% de suas vagas para pessoas com deficiência. O descumprimento da norma pode gerar multa e outras sanções administrativas.
Além disso, existem incentivos fiscais e programas de apoio à contratação e capacitação de PcDs, promovendo sua inclusão efetiva no mercado de trabalho.
Como obter a certificação de PcD?
Para ter acesso aos benefícios, é necessário comprovar a deficiência por meio de laudo médico, emitido por profissionais habilitados, que deve conter o diagnóstico, o CID (Classificação Internacional de Doenças), a descrição da limitação e a sua permanência. Em muitos casos, a pessoa deve apresentar laudo com prazo recente (normalmente de até 12 meses) e pode passar por análise de peritos do INSS, das secretarias estaduais de saúde ou da empresa contratante.

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