Eduardo Cunha (PMDB-SP) recorreu ao Supremo Tribunal Federal nesta quarta-feira (09), para tentar impedir seu afastamento da presidência da Câmara pela Procuradoria-Geral da República

O deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), presidente do Conselho de Ética, reclamou nesta quarta-feira (09) da interferência que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem exercido sobre os trabalhos do grupo. O relator do processo que vai votar a continuidade da ação por quebra de decoro parlamentar contra o peemedebista, Fausto Pinato (PRB-SP), foi destituído nesta tarde. Além disso, integrantes da tropa de choque de Cunha levantaram suspeição sobre Araújo.

“Essa foi uma violência, um acinte ao Conselho de Ética, a nós, deputados. Não se pode se manter num cargo na força, na pressão. Do jeito que as coisas estão, essa Casa vai ter que fechar porque está faltando respeito”, afirmou o parlamentar.

Questionado diretamente sobre interferência de Cunha na decisão de destituir Pinato da relatoria do caro, em documento assinado pelo primeiro vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), José Carlos Araújo respondeu com ironia. “Você acha que o vice-presidente da Casa ia escrever uma pérola daquela se não tivesse sido orientado a fazê-lo?”, questionou o presidente do conselho.

José Carlos Araújo disse que recorreria da destituição em plenário e que pretende conversar ainda na noite desta quarta-feira com seu escolhido para substituir Pinato. O presidente do conselho quer votar o parecer antes do recesso parlamentar, que começa no final da próxima semana.

“Aquele que eu achar que vai ser o relator, vou conversar com ele hoje para que ele trabalhe durante a noite e amanhã possa apresentar ou uma complementação de voto ou um novo relatório. Se não der, (apresenta) na próxima terça-feira. Mas temos que tentar votar o relatório ainda este ano”, afirmou o presidente.

STF

Eduardo Cunha (PMDB-SP) recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (09), para tentar impedir seu afastamento da presidência da Câmara pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

O deputado afirma que adversários políticos têm usado o Ministério Público Federal como “instrumento de disputa política” para tentar tirá-lo da presidência da Casa por ele ter aceitado o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Deputados do PSOL e da Rede protocolaram na manhã desta quarta, na PGR, um pedido de afastamento cautelar do peemedebista.

A petição chegou ao Supremo minutos depois de a Mesa Diretora da Câmara informar que acatou o pedido de aliados de Cunha que destituiu o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) da relatoria no processo contra Cunha no Conselho de Ética da Casa. O parecer de Pinato era pela continuidade do processo por quebra de decoro.

A mudança suspendeu mais uma vez a sessão do colegiado. Na terça (08), ao preverem que não teriam votos suficientes para barrar o processo, aliados já haviam feito série de questões de ordem e apresentaram outros pedidos para adiar a sessão para o início do dia de hoje.

Na petição enviada ao STF, Cunha nega que esteja agindo para atrapalhar os trabalhos da comissão que pode cassar seu mandato e atribui aos “adversários políticos” as acusações de uso indevido do cargo.