O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes, será retomado na manhã desta quarta-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), com o voto do ministro Luiz Fux, que pode formar a maioria pela condenação dois oito réus. 

Julgamento de Bolsonaros e aliados é retomado nesta quarta-feira (10)
Ministros retomam julgamento no STF (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

Além de Fuz, faltam votar os ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. O julgamento deve acabar na sexta-feira (12). 

Moraes e Dino votam pela condenação de Bolsonaro e aliados 

Nesta terça-feira (9), os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram pela condenação do ex-presidente e dos demais réus no processo. Com isso, o placar pela condenação está em 2 votos a zero. 

Julgamento de Bolsonaro, quarto dia no STF
Moraes e Dino votoram a favor da condenação dos réus (Foto: reprodução / reuters)

Em sessão iniciada pela manhã, Moraes deu um longo e contundente voto e disse que Bolsonaro — a quem chamou de “líder da organização criminosa” e “réu confesso” — realizou e liderou desde julho de 2021 até 8 de janeiro de 2023 uma série de “atos executórios” para descredibilizar o sistema eleitoral, atacar o Poder Judiciário, se perpetuar no comando do país e impedir, por meio de um golpe de Estado, a posse do presidente eleito em 2022.

O ministro vinculou Bolsonaro ao plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice dele, Geraldo Alckmin, e o próprio ministro. Citou também que Bolsonaro promoveu uma série de reuniões em que foram discutidas minutas de teor golpista, que só não foram implementadas por negativas dos comandantes à época do Exército e da Aeronáutica.

“Não há nenhuma dúvida, o próprio réu Jair Bolsonaro conversou sobre considerandos, da realização de reuniões do réu Jair Messias Bolsonaro com comandantes das Forças Armadas para discutir a quebra da normalidade institucional. Não existe previsão constitucional para a decretação de Estado de Sítio, Estado de Defesa ou GLO (garantia da lei e da ordem) no caso de derrota eleitoral. Chame-se como quiser, aqui é uma minuta de golpe de Estado”, disse Moraes.

Moraes votou para condenar o ex-presidente e os demais réus pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; participação em organização criminosa armada; dano qualificado; e deterioração de patrimônio tombado.

Se condenado, Bolsonaro poderá pegar até 43 anos de prisão, se considerados agravantes para os crimes.

alexandre de moraes
Alexandre de Moraes apontou Bolsonaro como líder de organização criminosa (Foto: Reuters)

Dino acompanha o relator 

Em seu voto para também condenar o ex-presidente, o ministro Dino, por sua vez, disse que Bolsonaro era a “figura dominante” na organização criminosa.

“Era quem, de fato, tinha o domínio de todos os eventos que estão narrados nos autos, e as ameaças à instituição”, afirmou Dino, chamando o discurso do ex-presidente no ato de 7 de Setembro de 2021 de “coerção ilegítima”.

Em um indicativo de divergência com Moraes, que defende a condenação de todos os réus a penas elevadas, Dino afirmou que era preciso diferenciar a punição dos envolvidos de acordo com suas participações. Disse que Bolsonaro e Braga Netto justificariam penas elevadas, mas os ex-ministros Paulo Sérgio Nogueira e Augusto Heleno e o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem tiveram envolvimento de menor relevância.

Dino aproveitou seu voto para rechaçar a possibilidade de anistia para quem tenha articulado um golpe de Estado, como desejam aliados de Bolsonaro, e fez um desagravo ao dizer que o tribunal não iria se intimidar com ameaças e sanções, numa referência indireta a punições como cancelamento de vistos de ministros e o aplicado a Moraes com base na Lei Magnitsky.

Brasília (DF), 09/09/2025, SRF, Primeira Turma, julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros - Ministro Flávio Dino
O ministro Flávio Dino durante sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) (Foto: Fátima Meira / Estadão Conteúdo)

Tanto Moraes quanto Dino votaram para rejeitar todas as questões preliminares apresentadas pelas defesas dos réus — pontos formais da ação penal que podem eventualmente levar à nulidade do processo.

Especificamente sobre a alegação das defesas de que a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, deveria ser anulada, Moraes foi enfático e afirmou que a argumentação dos advogados de que os depoimentos de Cid foram contraditórios “beira a litigância de má-fé”.

“Com todo o respeito, isso beira a litigância de má-fé dizer que os oito depoimentos foram oito depoimentos contraditórios”, disparou Moraes.

Bolsonaro está desde o início de agosto em prisão domiciliar após ter descumprido medidas cautelares impostas a ele por Moraes em outro inquérito, o que investiga ataque à soberania e atuação para interferir no processo por tentativa de golpe no Supremo por ele e o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Pouco antes do início do julgamento, Moraes autorizou a polícia a fazer um monitoramento externo na casa no condomínio onde o ex-presidente mora, inclusive com a permissão de revista do interior de carros de visitantes dele.

A medida ocorreu mediante o aumento das preocupações da PGR e da Polícia Federal com o risco de fuga do ex-presidente.

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Guilherme Fortunato

Editor

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.