Curitiba - Em entrevista concedida pouco antes do início do segundo dia do julgamento do ex-policial penal Jorge Guaranho, acusado de matar o guarda municipal Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu, em julho de 2022, a viúva da vítima afirmou que o crime teve clara motivação política. Primeira testemunha a ser ouvida pelo Tribunal do Júri no primeiro dia do julgamento, Pâmela Suellen Silva, voltou a destacar na manhã desta quarta-feira (12) que o réu só foi até a festa de aniversário de seu marido por não gostar do tema da celebração, que homenageava o Partido dos Trabalhadores (PT).

“Houve o crime de homicídio, ele aconteceu. Agora, o motivo que levou o Guaranho até a festa do Marcelo, não foi outro, foi político. Porque nós não conhecíamos esse cidadão. Ninguém conhecia o Guaranho. Então, até hoje a gente até gostaria de saber o que que ele foi fazer lá, se não foi uma motivação política? Nós não conhecíamos ele, ele foi para lá, nos ofendeu, nos xingou, com relação à temática ali da festa do Marcelo. Se não foi a motivação pela decoração, por um balão vermelho e branco, então ele que fale qual foi a motivação e o que ele foi fazer lá”, declarou Pâmela, que diz esperar pela condenação de Guaranho.
“Rever tudo, toda aquela situação ali, repetidamente, e ficar questionando sobre aquele momento, não foi nada fácil, sabe? Para ninguém da família. Acho que hoje se conclui esse julgamento e vamos ver o que vai ter hoje, né? Nós esperamos a condenação, certamente. Ele matou uma pessoa, ele vai ter que cumprir essa pena. Ele matou o Marcelo”, complementa.

Defesa diz que motivação política “está absolutamente descartada”
Por outro lado, a defesa do ex-policial penal afirma que conseguirá comprovar que não houve motivação política para o crime. De acordo com o advogado Samir Mattar Assad, o seu cliente “em nenhum momento teve a intenção de ceifar a vida do senhor Marcelo, que não passou de uma grande tragédia com vários fatores que contribuíram para esse final trágico”.
Ainda conforme a defesa do réu, existem “diversas incongruências que demonstram que esse processo tramitou de uma maneira muito equivocada”. Para advogado, a tese de que Guaranho atirou em Arruda por não ter gostado da temática político-partidária da festa deve ser descartada pelo júri, devido a uma série de contradições dos depoimentos.
“Testemunhas que estavam ao lado da vítima e do senhor Jorge, ali na dinâmica dos fatos, que acabaram não ouvindo música [o jingle de campanha que Guaranho teria colocado para tocar no rádio do carro] , por exemplo, e outras testemunhas que [estavam] no fundo de um salão onde havia música ambiente e teriam escutado determinadas palavras. Então ficou muito descaracterizado, no entender da defesa, essa questão da motivação política”, conclui o advogado. Ao contrário da viúva de Arruda, ele acredita que o julgamento só terminará na quinta-feira (13).
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