Com a chegada do verão e o aumento no número de pessoas no Litoral, cresce também a produção e acumulação de lixo nas praias. Sobre isso, o professor visitante sênior da Universidade Federal do Pará (UFPA), Carlos Eduardo Fortes Gonzalez, ressalta que todos precisam estar alertas com os resíduos na praia para evitar “um impacto profundo e duradouro no meio-ambiente”.

Lixo na praia
Segundo a Ellen MacArthur Foundation, até 2050, haverá mais plástico do que peixes no oceano. (Foto: Freepik).

Gonzalez explica que o papel exercido pelas praias é fundamental em diversos aspectos: ecológico, econômico, social e cultural. Isso torna fundamental preservar esses ambientes.

“A degradação das praias pode levar à perda de biodiversidade, intensificação da erosão costeira, poluição dos oceanos e contaminação da cadeia alimentar, redução da atratividade turística e impactos econômicos locais e aumento da vulnerabilidade a eventos climáticos extremos”, diz.

Impactos do descarte incorreto do lixo nas praias

O professor classifica os impactos do lixo na praia em algumas categorias, desde a ingestão de resíduos por animais marinhos, até a contaminação da água:

  • Ingestão de plástico: Muitos animais confundem plásticos e outros resíduos com alimentos. Tartarugas, aves marinhas, peixes e mamíferos marinhos podem ingerir esses materiais, levando a bloqueios no sistema digestivo, intoxicação e até a morte;
  • Enredamento: Redes de pesca abandonadas, linhas, fitas plásticas e outros resíduos podem enredar animais, causando ferimentos, amputações ou os impedindo de nadar, se alimentar ou respirar;
  • Alteração de habitats: Resíduos como garrafas, redes e outros materiais podem se acumular nos recifes de corais e em outros habitats, alterando as condições naturais e prejudicando a biodiversidade;
  • Proliferação de espécies invasoras: Alguns resíduos, como plásticos, podem servir como transporte para organismos invasores, permitindo que eles colonizem novos ambientes e desequilibrem ecossistemas locais;
  • Contaminação: Muitos tipos de lixo liberam substâncias químicas tóxicas ao entrar em contato com a água salgada, que podem interferir nos sistemas hormonais de animais e humanos. Além disso, a contaminação da própria água do mar é um problema para formas de vida mais sensíveis, como corais e fitoplânctons.
  • Ingestão de microplásticos: O plástico não se decompõe completamente; Ele se fragmenta em partículas minúsculas, que podem ser ingeridas por qualquer organismo de forma direta ou indireta, como por pessoas que consomem frutos do mar, sendo prejudiciais para a saúde.

Além dos problemas ambientais, Fortes Gonzalez detalha prejuízos econômicos para as cidades litorâneas trazidos com o descarte incorreto do lixo. Além do custo para a limpeza das praias no verão, a poluição pode prejudicar a pesca e impactar o turismo da região.

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Dicas para reduzir o impacto nas praias

O biólogo também lista algumas sugestões para quem deseja aproveitar a praia sem causar danos ao meio-ambiente neste verão; Confira:

  • Leve recipientes reutilizáveis para alimentos e bebidas, como garrafas de água, copos, talheres e marmitas de plástico ou vidro;
  • Recuse plásticos descartáveis, evitando canudos, sacolas plásticas, pratos e talheres descartáveis, prefirindo alternativas biodegradáveis ou reutilizáveis;
  • Priorize alimentos com pouca ou nenhuma embalagem, como frutas frescas;
  • Sempre carregue sacolas reutilizáveis ou biodegradáveis para armazenar o lixo até encontrar uma lixeira adequada;
  • Se a praia oferecer recipientes para coleta seletiva, separe o lixo reciclável (papel, plástico, vidro, alumínio) do orgânico;
  • Não enterre lixo na areia. Isso prejudica a fauna local, como tartarugas e aves, além de dificultar a limpeza;
  • Utilize recipientes próprios para bitucas e descarte-as em lixeiras apropriadas, elas demoram anos para se decompor e liberam toxinas na areia e no mar;
  • Recolha itens como tampas de garrafa, lacres e embalagens de todos os tipos e tamanhos, que são perigosos à vida marinha;
  • Evite o lixo orgânico na areia. Restos de alimentos podem atrair animais e prejudicar o equilíbrio natural;
  • Recolha sempre o lixo, mesmo que você encontre dejetos que não sejam seus, recolhê-lo ajuda na preservação do ambiente;
  • Descarte em locais adequados ao sair da praia, verificando se todo o lixo produzido foi descartado corretamente.

“Preservar as praias é uma responsabilidade compartilhada entre governos, comunidades e indivíduos. A saúde das praias está diretamente ligada ao bem-estar humano e à sustentabilidade do planeta, tornando sua conservação uma prioridade ambiental e social”, afirma o professor Fortes Gonzalez.

Além disso, ele alerta para o tempo de decomposição de alguns dos resíduos mais comuns encontrados nas areias:

  • Sacolas plásticas: 20 a 1.000 anos;
  • Bitucas de cigarro: 10 anos;
  • Garrafas plásticas: 450 anos;
  • Redes de pesca: 600 anos ou mais.

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Caio Yuke

Estagiário de jornalismo

Caio Yuke, estagiário cursando o 8º período do curso de jornalismo da PUCPR, com o trabalho voltado principalmente às áreas de Loterias e Esportes, além de atualizações de 'onde assistir' aos jogos.

Caio Yuke, estagiário cursando o 8º período do curso de jornalismo da PUCPR, com o trabalho voltado principalmente às áreas de Loterias e Esportes, além de atualizações de 'onde assistir' aos jogos.