Aproximadamente 200 pessoas entre frequentadores, moradores e comerciantes do bairro São Francisco, em Curitiba, reuniram-se na noite desta quinta, (28), para promover um abraço simbólico no O Torto bar, como forma de apoio pela permanência do evento intitulado “Quadra Cultural”, que acontece há cinco anos em frente ao local e é alvo de uma ação civil pública, ajuizada pelo Ministério Público.

O evento, idealizado pelo proprietário do bar Arlindo Ventura, conhecido como Magrão, acontece anualmente na Rua Paula Gomes e reúne, ao longo do dia, diversas manifestações artísticas de dança, música e teatro. Este ano a festa foi celebrada no dia 16 de fevereiro e contou com a presença de aproximadamente 7 mil pessoas.

Segundo Magrão, ele ainda não foi notificado sobre a ação e se diz favorável à iniciativa dos moradores. Ele contesta, porém, a legalidade do abaixo-assinado. “Existem algumas questões pessoais envolvidas nesse caso. Fizeram um documento contra a pichação no São Francisco e entregaram para o Ministério Público como se fosse contra a Quadra Cultural. Várias pessoas estão indignadas por terem assinado uma coisa e ter sido reutilizada em uma segunda campanha contra a Quadra Cultural e o Bar do Torto. Eu tenho provas disso. Só isso já invalida qualquer tipo de abaixo-assinado”, contesta.

Jade Felippe, 20, frequentadora do Bar do Torto, trabalhava voluntariamente entre os manifestantes colhendo assinaturas favoráveis à Quadra Cultural. Natural de Piraí do Sul, ela mora em Curitiba há três anos e sempre frequentou o evento. Para ela, a festa é um estimulo para vários curitibanos saírem de casa e promover a cultura na região. “Eu acho que esse bar instiga as pessoas a procurar pela cultura. Eu sou do interior e aqui foi o primeiro lugar que eu saí em Curitiba. Acho que o curitibano está aprendendo agora a explorar essa cultura que a cidade tem”. Ela afirma que as denúncias sobre o consumo de drogas e sujeira após o evento, não devem se sobrepor à importância da cultura para a cidade. “Esse problema que falam sobre sujeira nas ruas e drogas eu vejo em qualquer lugar. Ele não é causado pelo evento, é uma questão social. Se eles querem acabar com isso, que eduquem as pessoas”, enfatiza.

Clóvis Costa, 43, é advogado e frequentador do bar e da Quadra Cultural. Para ele, o movimento é importante pra cidade. Em relação ao abaixo assinado, ele diz que o bem público deve ser priorizado.  “Sem dúvida, a tentativa deve ser de buscar uma conciliação com os moradores. Agora, se isso não acontecer, deve prevalecer o interesse público que o evento hoje exerce, por ser um movimento importante na área da cultura”, conclui.