Morre a jornalista Glória Maria, aos 73 anos de idade
A jornalista Glória Maria morreu no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (2), aos 73 anos. Ela estava internada no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio de Janeiro, devido a complicações em decorrência de novas metástases cerebrais. Glória é considerada um ícone da televisão brasileira e em suas reportagens já mostrou mais de 100 países. A jornalista deixa duas filhas adotivas.
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Segundo comunicado da Globo, emissora na qual Glória trabalhava desde 1971, os tratamentos em combate ao câncer deixaram de fazer efeito nos últimos dias.
“É com muita tristeza que anunciamos a morte de nossa colega, a jornalista Glória Maria”, informou a TV Globo por meio de em nota. “Em 2019, Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia. Sofreu metástase no cérebro, tratada em cirurgia, também com êxito inicialmente”, prossegue o texto.
“Em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Glória morreu esta manhã, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio”, diz o texto.
Por causa do tratamento, Glória Maria estava afastada do Globo Repórter, programa no qual trabalhava fazia 12 anos, há mais de três meses, por conta do tratamento. O último programa que ela apresentou foi ao ar no dia 5 de agosto de 2022.
Trajetória
Glória Maria foi a primeira a entrar ao vivo no Jornal Nacional na transmissão da primeira matéria a cores do noticiário, em 1977, mostrando o movimento de saída de carros do Rio de Janeiro, em um fim de semana.
A estreia como repórter foi em 1971, na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Aos poucos, começou a colecionar grandes feitos na tela: no Bom Dia Rio, fez a primeira reportagem do matinal local, há 40 anos, sobre a febre das corridas de rua.
Em janeiro de 1977, cobriu a posse do presidente americano Jimmy Carter em Washington. No Brasil, também entrevistou chefes de Estado, como o ex-presidente João Baptista Figueiredo. “Foi quando ele fez aquele discurso dizendo ‘eu prendo e arrebento’. Na hora, o filme acabou e não tínhamos conseguido gravar”, contou Glória.
“Aí eu pedi: ‘Presidente, é a TV Globo, o Jornal Nacional, será que o senhor poderia repetir? ‘Problema seu, eu não vou repetir’, disse Figueiredo. Onde ela chegava, o então presidente dizia para a segurança: ‘Não deixa aquela neguinha chegar perto de mim'”, relembrou ela, em depoimento à Globo.
Na emissora, tornou-se conhecida por pelas matérias especiais e viagens a lugares exóticos, especialmente a partir de 1986, quando passou a integrar a equipe do Fantástico, programa do qual foi apresentadora entre 1998 e 2007. Glória entrevistou celebridades como Michael Jackson, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e Madonna.
Com a cantora, aliás, viveu um momento único: ciente da impaciência de Madonna (a cantora chegou a debochar de Marília Gabriela por causa de seu inglês) e também por contar com apenas 4 minutos para fazer a entrevista, ela, nervosa, disse: “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos.” Para sua surpresa, a cantora virou-se para a equipe técnica e disse: “dê a ela o tempo que ela precisar”.
Glória Maria participou ainda de coberturas relevantes, com a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).
Depois que encerrou sua passagem pelo Fantástico, Glória Maria ficou dois anos longe do ar para se dedicar a projetos pessoais, como as viagens à Índia e à Nigéria, onde trabalhou como voluntária. Nesse período, adotou as meninas Maria e Laura
Em setembro de 2019, Sérgio Chapelin se aposentou, após 23 anos no Globo Repórter. A partir daquele mês, Glória Maria passou a dividir o programa com a jornalista Sandra Annenberg.