Uma francesa que admitiu ter matado seu padrasto-marido depois de quase duas décadas de abusos deixou o tribunal inocentada na noite de sexta-feira (25). Valérie Bacot foi condenada a quatro anos de prisão, mas três deles foram suspensos e ela já havia cumprido um ano de pena.

Bacot admitiu ter atirado em Daniel Polette, o padrasto, em 2016. Polette começou a estuprá-la quando ela tinha apenas 12 ou 13 anos, de acordo com documentos judiciais. Naquela época, ele era o namorado de sua mãe. No entanto, se tornou marido de Bacot e pai de seus quatro filhos, após forçar um casamento com a jovem.

Segundo a CNN francesa, em seu livro best-seller “Tout Le Monde Savait” (“Todo mundo sabia”), publicado em maio, Bacot, de 40 anos, disse que Polette, 25 anos mais velho, a estuprou pela primeira vez quando ela tinha 12 anos, engravidou-a aos 17 e continuou abusar dela ao longo de 18 anos.

Bacot escreveu que Polette, um caminhoneiro, a forçou a se prostituir na parte de trás de sua van. Ela também escreveu em seu livro que “o medo congelou meu cérebro” depois de saber que ela teria que se prostituir.

“Daniel me possui completamente, sou um objeto que pertence a ele, ele pode fazer o que quiser comigo. Um dia ele vai me matar, está escrito. Eu sei disso desde que eu era criança, desde que minha mãe abriu as portas diante dele.”, escreveu.

Os advogados de Bacot dizem que ela foi decepcionada por todos ao seu redor. O caso mostra “enormes falhas na sociedade e no sistema que se destinava a apoiar as vítimas de violência no seio da família, falhas ao nível da polícia, é claro, mas também dos serviços sociais e dos médicos“, disse Tomasini, um dos advogados, à CNN.