Medida amada por alguns brasileiros e odiada por outros, o horário de verão poderá voltar em 2025. O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) avalia recomendar a ação após a divulgação do planejamento da operação para o sistema elétrico brasileiro para os próximos cinco anos, em nota divulgada na manhã desta terça-feira (9).

Conforme o diretor de Planejamento do ONS, Alexandre Zucarato, em nota encaminhado a Folha de São Paulo, neste ano a volta do uso do Horário de Verão poderá ser recomendado para obter pelo menos mais 2 gigawatts (GW) de reforço no Sistema Interligado Nacional (SIN).
Ele também lembra que a decisão deve ser tomada em agosto, visto que a medida necessita de três meses de antecedência para ser implantada.
O documento lançado nesta terça, PEN (Plano da Operação Energética), esclarece dados sobre a preocupação com o suprimento de potência no horário de ponta nos últimos anos, resultado do aumento da oferta de energia solar. O plano também menciona desafios já de curto prazo para atender à demanda no início da noite.
Horário de verão como imprescindível
Além da demanda, o plano cita o período seco de 2025, onde todos os cenários indicam a necessidade de despacho de usinas térmicas além daquelas que não podem ser desligadas por inflexibilidade.
“O PEN olha se a quantidade de geração disponível, no sentido amplo, se os recursos que temos atendem o consumo do Brasil. O PEN 2025-2029 confirmou o diagnóstico do ano passado e mostrou agravamento do déficit de potência. Eventualmente, podemos recomendar horário de verão como imprescindível”, disse Zucarato em nota a Folha de São Paulo.
Medidas já vinham sendo discutidas desde 2021
Segundo Zucarato, uma das alternativas para resolver o problema seria a contratação de capacidade adicional de energia, que deveria ter acontecido em 2024, “recomendação feita desde 2021 para que fossem realizados leilões anuais”, lembrou

Sem o leilão, ele afirma que será necessária a utilização da reserva operativa, um volume mínimo de energia armazenada nas hidrelétricas para controlar a frequência do sistema elétrico em caso de perda de unidades geradoras.
“Então, basicamente, isso explica todo esse crescimento de 232 GW para 268 GW no SIN entre 2025 e 2029, são quase 40 GW de solar, que não atende a ponta noturna”, ressaltou. “E é aí que a gente enxerga que o critério de atendimento da ponta, que já não estava atendido, fica menos atendido ainda. Ou seja, esse déficit estrutural se aprofunda”, afirmou Zucarato.
Outubro e novembro serão os meses mais críticos
Para o diretor, caso as chuvas atrasem novamente este ano, os meses mais críticos serão outubro e novembro, e a solução será realizar o leilão de reserva de capacidade (LRCAP) o mais rápido possível em 2026.
“Precisamos cada vez mais de flexibilidade no sistema, com fontes de energia controláveis, que nos atendam de forma rápida para termos o equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia, especialmente nos horários em que temos as chamadas rampas de carga”, disse o diretor.
Horário de verão e relógios adiantados
Aplicado pela primeira vez no Brasil em 1931, o horário de verão basicamente consiste em adiantar os relógios em uma hora, resultando em um maior aproveitamento da luz do dia durante os meses da primavera e do verão.

A medida foi suspensa em abril de 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, quando ele assinou um decreto revogando o horário de verão. O decreto aconteceu após pesquisas afirmarem que o ganho energético teria diminuído com a mudança nos padrões de consumo da população.
*Com supervisão de Jorge de Sousa
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